Onda de criminalidade ameaça MA

O Maranhão nos últimos tempos voltou a ser bombardeado por crimes de encomenda e roubo de carga

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O Maranh?o nos ?ltimos tempos voltou a ser bombardeado por crimes de encomenda e roubo de cargas no interior e na capital. Empres?rios, sindicalistas e trabalhadores foram mortos em crimes com caracter?sticas de pistolagem, Enquanto bandos agem e levam cargas inteiras de secos e molhados, farinha, ?leo comest?vel e combust?vel. Hoje, o estado pouco lembra as a?es implac?veis do Sistema de Seguran?a, nos anos 90, que conseguiu debelar o crime organizado e praticamente retirou o Maranh?o da rota de criminosos de alta periculosidade.

Com o fraco desempenho demonstrado pela Secretaria de Seguran?a Cidad?, criminosos fogem de seus estados de origem e se abrigam no Maranh?o, em busca de facilidade para suas a?es. Os roubos de carga e crimes de encomenda voltaram a acontecer em grande escala e nada parece estar sendo feito para reverter este quadro.

No auge da administra??o do ent?o secret?rio de Seguran?a P?blica, Raimundo Cutrim, que permaneceu por cerca de 9 anos ? frente da pasta, era comum ouvir coment?rios de que os criminosos podiam at? vir para o Maranh?o, mas para serem presos. Era fato. Motivada, a Pol?cia Civil n?o poupava esfor?os para conter o avan?o da criminalidade.

Os bandidos que fugiam do sul e sudeste n?o encontravam mais abrigo no Maranh?o. Fugitivos foram presos e quadrilhas debeladas. O roubo de carga parou depois que os chefes do crime organizado foram presos e levados ? Justi?a.

A impress?o de que o Maranh?o estava sendo passado a limpo pela Seguran?a P?blica deixava a popula??o tranq?ila e crente na sua pol?cia.

Este novo tempo teve in?cio quando os policiais passaram a ter acesso a informa?es importantes sobre como funcionava o crime organizado no estado. O trabalho acabou gerando cassa??o de deputados e pris?o de empres?rios.

Arquivo

Em agosto de 1999, a pol?cia tinha em m?os um arquivo vivo. Era o quadrilheiro Jorge Meres, na ?poca com 39 anos, natural de Nonai, no Rio Grande do Sul. Ele foi preso no munic?pio de Vit?ria do Mearim, por apropria??o ind?bita e j? tinha pris?o preventiva decretada por envolvimento no caso da ?carreta da Nortesul?, roubada em Santa Luzia, em 1995.

Alegando n?o ter mais nada a perder na vida, Meres resolveu contar tudo o que sabia acerca do suposto roubo da carreta, da qual era apontado como condutor. O homem morreu em janeiro de 2005, em casa, no S?o Crist?v?o, de doen?a agravada pela ingest?o de bebida alco?lica. Ele chegou a participar do programa nacional de prote??o ? testemunhas, mas o abandonou, alegando que n?o pretendia mais viver escondido e voltou para S?o Lu?s.

As informa?es fornecidas por Meres deram origem a v?rios inqu?ritos. Ele chegou a ser ouvido como testemunha-chave na Comiss?o Parlamentar de Inqu?rito (CPI) do Narcotr?fico, em Bras?lia, e na CPI do Crime Organizado, em S?o Lu?s. Em ambas, ele foi protegido por forte aparato policial, chegando a usar capuz para n?o ser reconhecido.

Import?ncia

Ao prestar depoimento ao ju?zo de Santa Luzia, Jorge Meres afirmou que tinha conhecimento de muitos fatos importantes ligados a uma organiza??o criminosa que agia em grande parte do Brasil. Ele chegou a trabalhar como seguran?a e motorista do advogado William Marques Sozza, de S?o Paulo, que teria liga??o com a quadrilha

de Hildebrando Pascoal.

William Sozza tinha em seu nome cinco empresas criadas por Paulo C?sar Farias, em Alagoas. Ele teria aproveitado a morte do empres?rio para trocar nomes e endere?os das organiza?es, para reabri-las como se fossem suas.

Segundo Jorge Meres, somente Augusto C?sar Farias, irm?o de Paulo C?sar, tinha conhecimento do fato, pois fazia parte do grupo e foi beneficiado com a morte do irm?o. Estes fatos, por?m, nunca ficaram provados.

Os chefes da organiza??o criminosa seriam, conforme depoimentos de Jorge Meres, o ex-deputado Jos? Gerardo, o advogado William Sozza, o ex-deputado alagoano Augusto C?sar Farias, irm?o de Paulo C?sar Farias, e o ex-deputado acreano Hildebrando Pascoal.

Jorge Meres frisou ainda que o ent?o deputado Jos? Gerardo tinha, em S?o Lu?s, empresas que faziam lavagem de dinheiro il?cito, arrecadado pela organiza??o nas opera?es criminosas desenvolvidas.

Como homem de confian?a de William Sozza, Jorge Meres afirmou tamb?m que presenciou reuni?es dos chefes da organiza??o na qual discutiam sobre compras de droga, distribui??o de armas, remessas de carretas para a Bol?via e sobre quem ia morrer ou sobreviver. Falavam ainda sobre divis?o de lucros, realiza??o de novas opera?es e os rendimentos.

Al?m dos chefes, Jorge Meres citou nomes de empres?rios que participavam indiretamente da organiza??o e, de acordo com ele, patrocinavam as opera?es no Maranh?o, Curitiba, Fortaleza, S?o Paulo, Par?, Macei?, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Goi?nia e Distrito Federal. Eles davam apoio financeiro, pol?tico e judicial, al?m de fornecerem armas, drogas, carros e at? avi?o, se necess?rio.

Freio

Nos depoimentos prestados na Corregedoria de Pol?cia Civil, Jorge Meres contou que o delegado especial St?nio Mendon?a vinha investigando o ent?o deputado Jos? Gerardo e isso atrapalhava o desempenho do bra?o da organiza??o criminosa no Maranh?o. Com a descoberta da carreta na casa do deputado Francisco Ca?ca, que tinha liga??o com os criminosos, St?nio Mendon?a teria associado tudo ? organiza??o e por isso foi realizada uma reuni?o no sentido de ?frear? o trabalho do policial.

Jorge Meres explicou em seus depoimentos como eram feitas as transa?es para o roubo de carretas e o envio delas para outro pa?s. Citou nomes que auxiliavam a organiza??o no interior do Maranh?o e Par? e chegou a desenhar um mapa com as atribui?es de cada um.

Todas estas informa?es foram apuradas e quadrilhas inteiras de roubo de carga foram desarticuladas pela pol?cia. Pararam os assaltos e pistoleiros que agiam por encomenda, optaram por deixar o Maranh?o e buscar trabalho em outros estados.

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