As ruas do Complexo do Lins e de Camarista Méier foram ocupadas na manhã desse domingo por 1.140 integrantes das Força Nacional. A operação teve início por volta das 6h e, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança, em 50 minutos os policiais haviam retomado o território. Duas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) serão instaladas na região. Durante a varredura na região, que começou a ser feita logo após a retomada, foram apreendidas 74 armas (incluindo 10 fuzis), além de drogas, até às 11h.
As apreensões foram levadas para a comunidade de Cachoeira Grande. Também houve seis prisões.
De acordo com o secretário de segurança pública José Mariano Beltrame, outras 180 prisões foram feitas durante a preparação para a ocupação. Beltrame também afirmou que a polícia está monitorando a migração de traficantes do Lins Camarista Méier para a região da Praça Seca e favela da Covanca.
A operação teve apoio de 14 blindados da Marinha, além de helicópteros que sobrevoam as 12 comunidades: oito em Lins e quatro em quatro de Camarista Méier. Nenhum tiro foi ouvido durante a ação.
Uma equipe de dez integrantes da Defensoria Pública do Estado acompanha a operação. O objetivo é garantir a assistência jurídica aos moradores e ouvir relatos, caso haja abuso de autoridade por parte dos policiais.
Depois da ocupação, as Forças de Segurança realizaram o hasteamento das bandeiras nacional e estadual. Segundo moradores, somente bandidos podiam se sentar na área escolhida para o ato, conhecida como Cruzeiro. Receosas, as pessoas acompanharam o hasteamento à distância e em silêncio. A Policia Civil ficará na região até terça-feira.
Crianças cavalgam
Logo após a retomada, crianças andavam à cavalo em ruas em que há poucos dias eram cenário de tiros cruzados.
- Antes tinha tiroteio de dia e de noite. Eu achava muito perigoso e ficava em casa, brincando de Barbie - disse a pequena Adrielle Lima, de 8 anos, que fez, pela primeira vez, um passeio de cavalo.
Cavalgada é uma estratégia para aproximar os moradores e policiais
Cavalgada é uma estratégia para aproximar os moradores e policiais Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo
Ela mora com a mãe e três irmãos e não brincava na rua porque a mãe não permitia, devido ao risco de violência.
Fazer passeios à cavalo é uma das formas utilizadas pela polícia para se aproximar dos moradores da comunidade. Segundo o comandante do Regimento de Polícia Montada (RPMont), Anderson Maciel, há um projeto que leva crianças de comunidades ocupadas até a sede do Regimento, em Campo Grande, onde elas passam o dia montando.
Governador comemora e anuncia investimento de R$ 500 milhões
O governador Sérgio Cabral comemorou a ocupação sem confronto. Ele aproveitou a oportunidade para anunciar um investimento de R$ 500 milhões em infraestrutura.
- Quero agradecer às nossas polícias (Civil e Militar) e ao Corpo de Bombeiros pelo belo trabalho realizado. Graças a Deus, mais uma UPP sem nenhum tipo de confronto, ocupada de maneira tranquila - disse Cabral.
Sérgio Cabral, o secretário de segurança José Mariano Beltrame e o vice-governador Pezão durante a coletiva após a retomada do território.
Em seguida, Cabral afirmou que haverá investimentos em infraestrutura nas comunidades pacificadas e entorno através do PAC 2.
- Serão R$ 500 milhões em habitação e infraestrutura, dando dignidade àquela comunidade e seu entorno. Não apenas lá, mas também na Mangueira e Jacarezinho.