O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, indiciado pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, pesquisou na internet as consequências jurídicas do crime e chegou a sintonizar uma rádio para saber se o caso havia repercutido na imprensa mineira. Ele também apagou conversas mantidas com a esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o delegado Evandro Radaelli, responsável pela investigação, Renê acessou o celular logo após sair do trabalho para buscar informações sobre homicídio. “Apuramos que ele tinha plena ciência do que fez, tanto que pesquisou a palavra gari e o nome da rua onde ocorreu o crime”, destacou o delegado.
Versões falsas
No depoimento, Renê afirmou ter disparado a arma sem perceber que havia atingido o gari e, por isso, deixou o local sem prestar socorro. A versão foi descartada. “Ele mentiu para a polícia. As provas mostram que ele tinha consciência do disparo e de suas consequências”, reforçou Radaelli.
A investigação também desmentiu outra alegação do empresário: a de que teria usado a arma da esposa apenas no dia do crime. Segundo a polícia, Renê fazia uso frequente da pistola de Ana Paula, com o consentimento dela. Por isso, a delegada também foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo ao emprestar o armamento ao marido, que não possuía autorização.
Além disso, Renê usava o distintivo funcional da esposa e exibia armas em vídeos e fotos. “Ele tinha um verdadeiro fascínio por armas de fogo”, disse o delegado.
Mensagens apagadas
Antes de ser preso, Renê apagou todas as conversas com Ana Paula em um aplicativo de mensagens e se comunicou com ela apenas por chamadas de voz no dia do crime. A polícia não conseguiu comprovar se a delegada tinha conhecimento do homicídio naquele momento.
Ana Paula está afastada do cargo desde 13 de agosto, dois dias após a prisão do marido. Ela desativou seus perfis nas redes sociais e ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso.
Acusações
Renê responderá por três crimes: homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima), ameaça contra a motorista do caminhão de lixo e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. As penas somadas podem chegar a 35 anos de prisão.