Números informados pelo Judiciário e pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) mostram que os presídios de 26 estados do Brasil operam acima da capacidade de detentos, mas que no Piauí sobram vagas. O relatório afirma que o Estado tem 2329 presos para 2632 vagas. Mas muita gente não concordou com estes resultados.
O presidente do Sinpoljuspi (Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Secretaria de Justiça do Piauí) Vilobaldo Carvalho afirmou que o número de presos do Estado oscila entre 3000 e 3100 presos, e que até dezembro, haviam 2974 presos para 2105 vagas, números bem diferentes dos apontados pelo Judiciário e CNJ.
Eloi Pereira, promotor da vara das excussões penais afirmou que a superlotação dos presídios piauienses é uma realidade: ?Quem nega isso é por que não conhece bem o quadro?, disse. Ele disse que a Casa de Custódia tem por volta de 700 presos para aproximadamente 300 vagas, e que todos os Distritos Policiais estão lotados. ?O Ministério Público já procura proibir a permanência de presos nas delegacias por tempo maior do que o suficiente para se fazer exames periciais, como de corpo de delito?, disse.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ? secção Piauí, o advogado Lúcio Tadeu afirmou que os números do Judiciário e CNJ são falsos. ?As delegacias estão tão lotadas que chega ao absurdo acontecer resgate de presos por outros bandidos?, disse.
Vilobaldo Carvalho e Eloi Pereira se disseram contra a privatização do sistema prisional, uma medida usada nos Estados Unidos e apontada por muitos como o que poderia ser uma maneira de resolver. ?Falta é o Estado assumir com mais responsabilidade o problema?, disse Eloi Pereira. Já Lucio Tadeu discorda, e acha que poderia ser sim uma saída. ?Aumentaria a eficiência e reduziria o custo para o estado?, disse.
Eloi Pereira afirmou que poderá ser enviado um pedido de intervenção temporária da União na Secretaria de Justiça. ?Concordamos que se deve fazer um levantamento da contabilidade da secretaria para saber por que as obras de ampliação de vagas estão paradas?, disse Lucio Tadeu. Vilobaldo falou que os recursos estão chegando para o estado. ?Cabe ao Ministério Público apurar se o que está havendo é uma má gestão desse dinheiro ou o desvio de verba?, afirmou.