“Não ficou bem para polícia”, diz Haddad após manifestação em SP

Manifestação contra tarifas terminou em confrontos nesta quinta-feira (13).

Fernando Haddad | Divulgação
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), voltou a comentar na manhã desta sexta-feira (14) sobre a manifestação contra as tarifas do transporte público na capital paulista, que terminou em confronto com a Polícia Militar e mais de 200 detidos nesta quinta-feira (13). Ele disse que, pelas imagens veiculadas pela imprensa e pelos relatos que ouviu, os policiais deixaram de ?observar os protocolos?.

?A polícia segue protocolos. Quando o protocolo é obedecido, as coisas caminham bem. No dia de ontem, segundo as imagens e os relatos, parece que esses protocolos não foram observados, razão pela qual a Secretaria da Segurança determinou a investigação?, afirmou Haddad em entrevista à GloboNews. ?Evidentemente que estamos todos impactados com as imagens do dia de ontem?, disse também o prefeito.

Ele também disse que "não ficou bem para a polícia". "Eu penso que tem havido excessos. Na terça-feira, infelizmente tivemos 80 ônibus depredados, policiais que foram agredidos. Ontem também não ficou bem para a polícia, o secretário [Fernando] Grella abriu um inquérito para investigar os eventuais abusos. Isso não é uma questão da corporação, mas há indivíduos que precisam ser investigados em sua conduta."

Durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, o prefeito já havia comentado sobre a atuação da polícia. ?Na terça-feira, a imagem que ficou foi a da violência dos manifestantes. Infelizmente, hoje não resta dúvida de que a imagem que ficou foi a de violência policial, razão pela qual entendo que o secretário Grella, ao abrir inquérito para apuração rigorosa dos fatos, agiu corretamente?, disse o prefeito.

Haddad reiterou nesta sexta que não pretende voltar atrás no reajuste. ?A Prefeitura não pode se submeter ao jogo de tudo ou nada. Ou é do jeito que eles querem ou não tem conversa?, afirmou. No quarto dia de protestos, mais de 200 pessoas foram detidas. Manifestantes e jornalistas ficaram feridos. Um forte sistema policial impediu que o protesto chegasse à Avenida Paulista. Houve confrontos na região da Rua da Consolação.

O prefeito lembrou que na manifestação de terça-feira (11) foram divulgadas cenas de policiais sendo agredidos. ?Eu acredito que São Paulo convive muito bem com a democracia pacífica, com manifestações, protestos e contestações, mas não convive bem com a violência. Então quando há violência por parte dos manifestantes, como foi o caso do policial agredido, a população repudiou. Quando há abuso policial, também a população repudia?, disse em entrevista ao Bom Dia Brasil.

Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, a PM diz que atuou para garantir o direito de livre manifestação. "A Polícia Militar atuou dentro dos preceitos constitucionais para garantir o direito de livre manifestação, contudo é seu dever assegurar os direitos de toda a população, incluindo-se o direito de ir e vir. É totalmente descabida qualquer declaração de que a PM tenha agido com o intuito de insuflar a violência", informou a corporação.

Aumento da tarifa

Haddad voltou a falar sobre o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 nas passagens dos ônibus. ?A Prefeitura fez um esforço enorme para que aumento fosse o menor possível?, declarou. Ele afirmou que a nova tarifa dos ônibus, com reajuste abaixo da inflação, exige o deslocamento de investimento de R$ 600 milhões de outras áreas. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo valor seria de R$ 3,40. De acordo com o prefeito, esse foi o menor reajuste dos últimos dez anos.

"Há um longo trajeto para melhorar o transporte. Isso vai se fazer em uma mesa de negociação com diálogo, com esclarecimento, com a verdade dos fatos, e não iludindo a respeito da possibilidade de zerar a tarifa e ninguém pagar mais o ônibus, como se isso fosse possível do dia para a noite, envolvendo R$ 6 bilhões de investimento", declarou.

Segundo Haddad, a Prefeitura tem costume de negociar com manifestantes. No primeiro protesto do grupo, ocorrido em frente à Prefeitura, a administração municipal estava disposta a receber a comissão de negociação. ?Nós tínhamos uma comissão na porta da Prefeitura, esperando a constituição de uma comissão de negociação, que não foi formada, e os manifestantes se recusaram a entrar na Prefeitura para estabelecer diálogo. Acho que a postura deles talvez venha mudando e eles precisam de esclarecimentos?, disse.

O prefeito afirmou ainda que, diferentemente do que é divulgado pelos manifestantes, os cobradores e motorista receberam aumento superior ao que foi repassado para a nova tarifa.

Protesto

A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.

Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, at é o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.

O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.

Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. ?Não aguentamos mais sermos explorados?, dizia uma das faixas.

A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.

Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. ?Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados?, disse.

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