A operadora de caixa que teve os olhos perfurados pelo ex-marido passou pela terceira cirurgia, na manhã quinta-feira (3), em Goiânia. Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, operou o olho direito, o mais prejudicado pelos ferimentos. O médico responsável pelo procedimento, Eduardo Eustáquio, avalia: "A chance dela ter uma recuperação visual é muito boa". A paciente já recebeu alta.
Eduardo Eustáquio diz que o procedimento, realizado na Fundação Banco de Olhos de Goiás, durou uma hora e tudo correu como se esperava. O oftalmologista fez uma reparação no fundo do olho, com raio laser, para recuperar a lesão e estancar o sangramento. O cristalino precisou ser substituído por uma lente. O médico se diz otimista porque a lesão, feita com uma faca de mesa, não atingiu o nervo óptico nem a mácula, uma importante região da retina.
"O tanto que ela vai voltar a enxergar vai depender da cicatrização", disse Eustáquio. O médico estimou uma recuperação de 30% a 60% do olho direito. No lado esquerdo, onde a perfuração foi menor, ele estima uma recuperação da visão de 70% a 80%.
Mãe de Mara Rúbia, Raquel Mori também está confiante. "Sabemos que não será como antes, mas o médico disse que ela poderá, sim, enxergar".
A operadora de caixa já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito. Em seis meses, deverá passar por uma nova cirurgia. O médico explica que as cirurgias são feitas por etapa por causa da gravidade das lesões.
Antes da cirurgia, ela falou sobre as dificuldades que enfrenta após a agressão: "Eu fiquei cega do olho direito, mas com o olho esquerdo eu enxergo vultos, enxergo cores".
Ela encara as operações como uma chance de se recuperar e poder brigar pela guarda do filho. ?Preciso fazer a cirurgia para lutar por meu filho, ir à frente do juiz e mostrar que não sou cega, que sou capaz de cuidar dele?, afirmou.
Agressão
Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, foi agredida pelo ex-companheiro em 29 de agosto, em Goiânia, quando chegava em casa para almoçar. Depois de cometer as agressões com uma faca de mesa, o homem fugiu. Após 21 dias foragido, ele se entregou à Polícia Civil. De acordo com a polícia, ele estava escondido em uma fazenda em Águas Lindas de Goiás, município goiano do Entorno do Distrito Federal.
Segundo os familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento.
Ela informou que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda. ?Ouvi de uma delegada que as coisas não são tão fáceis assim. Não é apenas chegar e falar?, lamentou.
Filho
Em meio ao tratamento, Mara Rúbia luta para reaver a guarda do filho, de 7 anos, que mora com a avó paterna em Corumbá de Goiás, a 108 quilômetros da capital. A Justiça de Goiânia deu um parecer favorável à mulher, que solicitou a guarda do filho após ser atacada pelo ex-companheiro.
No entanto, a promotoria da cidade foi contrária à medida e o caso foi encaminhado ao juiz local, que entendeu que houve uma confusão sobre qual comarca deveria julgar o caso. Com isso, o menino não pôde ser levado.
A avó paterna da criança, a dona de casa Divina Bicudo dos Santos disse, em entrevista à TV Anhanguera, que cuida do neto desde que ele nasceu e que não concorda em ceder a guarda para a mãe. ?Nós [família paterna] sempre cuidamos dele. Sem contar que o menino está acostumado com a gente. Quero ele aqui?, afirmou Divina, que entrou com um pedido na Justiça pela guarda do neto.