Justiça condena à prisão perpétua a mãe que matou o próprio filho com injeção de heroína em 2008. O jovem de 22 anos havia sofrido lesão cerebral e estava sob tratamento intensivo desde que caiu de uma ambulância em 2007.
A inglesa Frances Inglis, de 57 anos, confessou ter administrado a droga no filho, Thomas Inglis, em novembro do ano retrasado. Ela já havia tentado a mesma estratégia sem sucesso quatorze meses antes.
Segundo ela, seu objetivo era livrá-lo de um "sofrimento terrível".
"Por isso eu pensei em heroína, uma morte sem dor e serena. Ele foi dormir. Ele estava em paz. Eu fiquei ao lado dele", justificou.
JULGAMENTO:
Frances foi condenada por assassinato em Londres, em um julgamento que durou duas semanas.
Ao júri, o juiz Brian Barker disse que "não há na lei nenhum conceito sobre assassinato misericordioso - isso continua sendo assassinato".
Barker também advertiu a mãe de que não se pode "tomar a lei em suas próprias mãos, nem tirar uma vida, por mais compelido que se sinta".
Enquanto isso, os familiares reafirmavam seu apoio à Frances. Em um manifesto, eles diziam estar 100% ao lado dela e defendiam seu ato como "corajoso e amoroso".
Apesar disso, após seis horas de deliberações, o júri a condenou a prisão perpétua por 10 votos a dois, gerando gritos de "Vergonha" dos espectadores.
A Justiça determinou que Frances terá de passar no mínimo nove anos presa e ser monitorada pelo resto da vida. Como já cumpriu um ano e meio da pena.
INJEÇÕES DE HEROÍNA:
Quando estava sendo transportado à força para um hospital para tratar de um corte no lábio, após uma briga em um bar em julho de 2007, Thomas Inglis pulou do veículo. A queda lhe causou dano cerebral e o deixou em coma permanente.
Ao júri foi dito que, dois meses depois do acidente, sua mãe tentou sem sucesso matá-lo com heroína. O paciente foi então removido para outro hospital. Enquanto o caso era investigado, Frances foi proibida de vê-lo.
Mas, em novembro de 2008 ela conseguiu visitá-lo, se fazendo passar por sua irmã. Foi então que ela repetiu a tentativa, desta vez com sucesso.
"Eu o abracei, disse que o amava e que tudo ficaria bem. Peguei a seringa e injetei em seu braço e em sua cocha", disse Frances.
"Eu o fiz com amor no coração."
Em uma carta encontrada pela polícia em sua casa durante a investigação da primeira tentativa, a mãe escreveu que "as pessoas ficam dizendo que Tom não está sofrendo. Como eles podem saber como ele se sente?".
"Tudo que eu via era horror, dor e tragédia", disse a mãe.
Ao júri foi dito que a mãe ficou horrorizada ao descobrir que a única forma legal de terminar com o sofrimento de Thomas seria requisitar à Suprema Corte que cortassem sua alimentação e sua água.
"Eu não podia suportar a ideia de Thomas morrendo de sede e fome. Morrer assim lentamente seria horrível", disse, justificando a decisão de tentar livrá-lo desse sofrimento.
"A definição de assassinato é tirar a vida de alguém com malícia em seu coração. Eu fiz com amor no coração por Tom, então eu não vejo como assassinato. Eu sabia que estava fazendo algo contra a lei", disse ela no tribunal.