A mulher do traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, irá cumprir prisão domiciliar sem o equipamento de monitoramento eletrônico, no Mato Grosso do Sul. A determinação havia sido dada, no último dia 2, pelo desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal. Mas, como o estado não possui a tecnologia, Danúbia de Souza Rangel deverá cumprir as duas prisões preventivas sem o dispositivo. Ontem, a Justiça expediu os alvarás de soltura, mas, até o final da noite, a loura continuava na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio.
De acordo com o habeas corpus, Danúbia deve ir para casa, em Campo Grande, porque tem uma filha de 4 anos que, segundo avaliação médica e psiquiátrica, vem sofrendo inúmeros transtornos desde a prisão da mãe. A criança estaria abalada emocionalmente e estaria impedida de frequentar as aulas na escola. O magistrado alegou acatar o pedido da defesa da mulher de Nem porque o direito à convivência familiar é ?tão importante quanto o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade?.
Os juízes Rudi Baldi Loewenkron, da 35ª Vara Criminal, e Renata Gil de Alcanta Videira, da 40ª Vara Criminal ? onde Danúbia responde a processos por tráfico de drogas ? chegaram a enviar ofício para Siro Darlan alegando a falta de monitoramento eletrônico. Procurado pelo site, o desembargador explicou o motivo de manter sua decisão:
? Não posso usar uma ação em prejuízo ao réu em razão de uma deficiência do Estado.
O advogado de Danúbia, Josué Ferreira dos Santos, não quis se pronunciar sobre o assunto.
Danúbia está presa, desde o dia 31 de março, quando foi surpreendida por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE) da Polícia Federal, em sua casa, no Mato Grosso do Sul, durante a Operação Maioridade. Na época, as investigações mostraram a ligação de Nem, que está em penitenciária federal daquele estado, e de sua quadrilha com criminosos ligados a Marcelo Santos das Dores, o Menor P, que também foi detido. A jovem também está presa preventivamente depois de ser denunciada, no processo sobre a Operação Paz Armada, na favela da Rocinha, em julho do ano passado.