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MPRJ aponta que menos da metade dos policiais usou câmeras em megaoperação no RJ

Relatório do Ministério Público indica falta de baterias e revela indícios de mortes fora do padrão de confronto durante ação que deixou 121 mortos no RJ.

Megaoperação no Rio de Janeiro | Foto: Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apontou que menos da metade dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) utilizou câmeras corporais durante a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro.

Segundo o comandante do Bope, Marcelo Corbage, apenas 77 dos 215 policiais da tropa de elite da Polícia Militar estavam com câmeras corporais. Na Core, 57 dos 128 agentes utilizaram os equipamentos. Corbage e Fabrício Oliveira, chefe da Core, afirmaram em depoimento que não havia baterias sobressalentes disponíveis.

Corbage explicou que o planejamento inicial previa uma duração de cinco a seis horas, mas a operação se estendeu por 12 horas. De acordo com ele, a ideia era que, em cada grupo de policiais, pelo menos um agente portasse câmera corporal.

Corpos em sacos no pátio do IML | Foto: Reuters/Janaina Quinet 

RELATÓRIO DO MPRJ APONTA FALHAS 

A Operação Contenção terminou com 121 mortos e 113 presos. Um relatório técnico do MPRJ identificou indícios de mortes fora do padrão de confronto entre as vítimas. O documento, elaborado pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2), apontou dois casos atípicos: um cadáver com marcas de tiro à curta distância e outro com sinais de decapitação.

As necropsias foram acompanhadas por técnicos do órgão no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP), entre os dias 28 e 30 de outubro. Segundo o relatório, todos os mortos eram homens de 20 a 30 anos, com ferimentos compatíveis com munições de alta energia, típicas de fuzis.

“Um corpo apresentava lesões com características de disparo de arma de fogo à curta distância (...) Outro corpo possuía lesão produzida por projétil de arma de fogo à distância, porém apresentava, adicionalmente, ferimento por decapitação, produzido por instrumento cortante ou corto-contundente", diz o texto do relatório.

Os promotores recomendam uma análise minuciosa das imagens das câmeras corporais e o escaneamento do ambiente do confronto para esclarecer a dinâmica das mortes.

O documento também relatou que a equipe técnica acompanhou 121 necropsias, com 378 varreduras técnicas de documentação pericial e escaneamento corporal digital. A maioria dos corpos vestia roupas camufladas, coletes e botas operacionais, e alguns portavam munição, drogas e celulares.

O MPRJ aguarda a conclusão dos laudos periciais e a identificação oficial dos corpos para relacionar os achados aos registros de cada vítima.

MEGAOPERAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

A Operação Contenção reuniu cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar. A ação resultou em 121 mortos, entre eles quatro policiais, além de 113 presos e 93 fuzis apreendidos, segundo o governo estadual.

Megaoperação contra CV  | Foto: Mauro Pimentel/AFP 

A ofensiva, voltada contra o Comando Vermelho (CV), provocou bloqueios em vias expressas como a Linha Amarela e a Grajaú-Jacarepaguá, paralisando o transporte público em várias regiões.

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que “a operação foi necessária, planejada e vai continuar”.

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