Considerado um homem "pacato", "simples" e "tranquilo", Jonas Lucas Alves Dias, de 55 anos, se não mudou de endereço e rotina após ganhar R$ 47,1 milhões na Mega-Sena em 2020, tratou de usar parte da bolada para melhorar a vida de amigos. Tanto que chegou a montar com ex-colegas de trabalho em um depósito uma empresa de ferramentas em Hortolândia (SP).
Jonas foi raptado depois de sair para caminhar na última terça (13), sendo abandonado às margens de uma rodovia de Hortolândia (SP) com sinais de espancamento no dia seguinte - ele foi socorrido, mas morreu no hospital. Durante o período em que ficou sob poder dos criminosos, cerca de R$ 20 mil foram retirados de suas contas e houve uma tentativa de transferência de R$ 3 milhões, sem sucesso.
De acordo com a delegaca Juliana Ricci, da Deic de Piracicaba (SP), que ouviu os ex-sócios durante a investigação, Jonas Lucas só deixou o negócio que ele mesmo investiu para se "aposentar". "Eles continuaram extremamente amigos, só deixaram de ser sócios. Eles tinham imóveis de veraneio próximos.
Todo o dinheiro do negócio era do Jonas, quem capitalizou a empresa foi ele. Ele só deixou o negócio porque não tinha mais interesse em trabalhar, nem precisava mais disso", disse Ricci. Segundo dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), a empresa que o milionário montou com os amigos tinha capital de R$ 1 milhão, sendo que o montante foi dividido igualmente entre os quatro - R$ 250 mil para cada.
A saída dele do negócio foi formalizada em junho. Vizinho do milionário da Mega-Sena, o aposentado João Batista Alves contou que muita gente nem acreditava que Jonas tinha ganho a bolada da forma como ele levava uma vida simples. "Era igual a gente, pessoa simples, que andava de chinelo, tranquilo, sempre passava aqui, sempre atencioso com a gente. A polícia tem que encontrar (o assasssino), de qualquer maneira", disse.
Quem conhecia Jonas Lucas há décadas garante que ele não mudou nada com o prêmio milionário recebido. "Eu fui muito comprar com ele quando trabalhava no depósito. (Após o prêmio) era a mesma pessoa, não mudou nada, continuou como se nada tivesse acontecido", lembra Luiz.
A Polícia Civil informou que a morte de Jonas Lucas foi motivada pelo prêmio de R$ 47,1 milhões da Mega-Sena. A Polícia Civil aguarda quebras de sigilos bancário e telefônico para identificar suspeitos da morte. Até o momento ninguém foi preso. Segundo a delegada Juliana Ricci, identificar os donos das contas que receberam transferência de dinheiro da vítima está entre as principais linhas de investigação.
Ela confirmou que a tentativa de saque de R$ 3 milhões foi feita via aplicativo de mensagens, e a Polícia Civil procura saber a origem desse telefone ou equipamento usado para a solicitação. "A principal suspeita é de que os autores conheciam toda a rotina da vitima, tinham conhecimento dos hábitos. Não posso falar que eram próximas nem do círculo familiar, mas que sim, tinham conhecimento", disse.
O que se sabe sobre a morte do ganhador da Mega-Sena no interior de SP O que se sabe sobre a morte do ganhador da Mega-Sena no interior de SP O crime A advogada da família relatou à polícia que a vítima havia levado apenas carteira e documentos para a caminhada.
Ao final do dia, como não foi mais possível contatá-lo, familiares registraram ocorrência de desaparecimento na delegacia eletrônica. Depois de ser encontrado, o homem foi socorrido pelo resgate da concessionária Autoban ao Hospital Mário Covas, mas não resistiu. O médico da unidade que atendeu Jonas Lucas atestou traumatismo cranioencefálico como causa da morte.
A Polícia Civil tenta descobrir como e quando foi a abordagem, além de quantas pessoas estão envolvidas.