Durante uma operação da Polícia Civil nesta quinta-feira(29), o miliciano Leandro Xavier da Silva, conhecido como Playboy da Curicica, foi morto em um confronto. Poucos meses antes de sua morte, ele havia estabelecido uma aliança com a segunda maior facção criminosa do estado do Rio de Janeiro. Playboy estava escondido na Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, na Zona Norte da capital, onde foi alvejado. Ele contava com o apoio de Thiago da Silva Folly, também conhecido como TH da Maré, um traficante que lidera a região.
A relação entre Playboy, apontado como líder da milícia em Curicica, e o tráfico teve início aproximadamente sete meses atrás, devido ao enfraquecimento de sua organização paramilitar. O objetivo era unir forças contra os avanços da maior facção do tráfico no estado, bem como contra o grupo rival paramilitar liderado por Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho.
O miliciano morto atuava nas áreas de Curicica, Terreirão, Vargem Pequena, Vargem Grande, Rio das Pedras e Muzema, todas localizadas na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Seu apelido, Playboy da Curicica, refere-se ao bairro em que ele atuava. Além disso, Playboy da Curicica contava com o apoio de André Costa Barros, conhecido como André Boto, que foi preso em março do ano passado e transferido na terça-feira para um presídio federal em Mato Grosso do Sul.
Segundo informações de inteligência da Polícia Civil , Playboy da Curicica buscou refúgio na Vila dos Pinheiros após receber uma ordem de Boto. No início deste mês, o miliciano também teria mandado que seus comparsas roubassem cargas de remédios, assim como liberassem o tráfico de drogas na região de Curicica. Em uma das investidas do grupo, R$ 900 mil foram roubados em remédios, levados para a comunidade da Maré, posteriormente, distribuído para outras regiões.
Na manhã de quinta-feira (29), uma operação conduzida pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) teve como objetivo a prisão preventiva de Playboy Curicica por crime de homicídio. A ação ocorreu após dois meses de monitoramento e trabalho de inteligência.Durante a aproximação dos agentes, ocorreu um confronto. Além de Playboy da Curicica, um cúmplice dele também ficou ferido e acabou falecendo momentos depois.
Através das redes sociais, os moradores relataram um intenso tiroteio na região, acompanhado do sobrevoo de um helicóptero da Polícia Civil durante parte da manhã. Pelo menos dois veículos blindados da corporação também foram vistos circulando pelas ruas da comunidade da Maré. Devido à operação em andamento, a clínica da família Adib Jatene e o Centro Municipal de Saúde Vila do João suspenderam temporariamente o atendimento.
CONFIRA ESTE CASO ENVOLVENDO 'PLAY BOY DA CURICICA'
No mês de junho, durante uma nova tentativa da Draco de prender o criminoso, cúmplices dele abriram fogo contra os agentes. Um disparo atingiu a cabeça da pequena Alice Rocha, de 4 anos, enquanto ela e sua mãe compravam pipoca em Curicica. A origem do disparo ainda é desconhecida.
Alice ficou internada em estado gravíssimo no Hospital Municipal Miguel Couto, localizado na Gávea, Zona Sul do Rio, por um período de 40 dias. Ela passou por duas cirurgias na cabeça, sendo uma delas com duração de dez horas. Além disso, recebeu acompanhamento médico nas áreas de fisioterapia, pediatria, neurologia e psicologia. Em julho, a menina recebeu alta hospitalar e continua se recuperando em casa.
Leandro Xavier da Silva, conhecido como Playboy da Curicica, e outras seis pessoas foram mencionadas em um processo judicial relacionado ao crime de tortura contra um homem em 25 de maio do ano anterior. Segundo a investigação apresentada no processo, o grupo invadiu uma residência em Gardênia Azul, também na Zona Oeste do Rio, e levou a vítima até a rua, onde foi brutalmente torturada.
Conforme descrito no documento, a sessão de tortura durou cerca de 40 minutos, e Playboy desferiu golpes no rosto da vítima, fazendo ameaças de matar o irmão dela e esquartejar seu corpo. Há relatos do uso de armas como barras de ferro e concreto durante as agressões. Apesar da denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), um mandado de prisão contra Playboy da Curicica foi revogado pela Justiça. O processo continua em andamento.