O adolescente J., 17 anos, primo do goleiro Bruno, disse que afirmou ter mentido no primeiro depoimento sobre a morte de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, porque havia usado drogas. Tivemos acesso ao termo de acareação entre o menor e Sérgio Rosa Sales.
J. disse que não confirmava as informações prestadas anteriormente. "Eu não tive participação de quase nada. Tive participação até no sítio e depois não fiquei sabendo de mais nada. Eu menti porque tinha usado droga antes de vir para Belo Horizonte. No dia que eles me pegaram lá em casa (na casa do goleiro Bruno, no Rio de Janeiro), eu tinha acabado de usar droga. Depois que eu já tinha falado a primeira vez, eu continuei mentindo", afirmou.
"No dia que eu levei os PMs do Rio até a casa (do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano), eu fui ameaçado. Até então, eu sabia onde que ele morava, mas não tinha certeza se era ele mesmo, se era aquela casa mesmo. Era a única pessoa que eu conhecia naquela região. Eu conheci ele na... na... eu acho que foi numa boate em Ribeirão das Neves, mas não lembro o dia", disse o menor, sobre o homem apontado pela polícia como executor de Eliza, que dizia ter um filho de Bruno.
Perguntado como ele explicava o fato de ter descrito "pormenorizadamente" a casa de Bola, antes mesmo de ter entrado no imóvel, e ter descrito como foi a execução de Eliza, ele respondeu que havia ido no local com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, há cerca de dois anos. "Nós fomos na casa dele para nada, eu nem lembro direito", afirmou.
Questionado sobre ter incriminado Sérgio ao colocá-lo na casa de Bola, local considerado o lugar onde Eliza foi morta, o adolescente disse que foi pressionado. "A delegada (Ana Maria Santos) me pressionou para eu poder falar, para eu poder inventar qualquer coisas, se não eu ia pegar internação de seis anos ou mais", afirmou.
Quando o delegado Wagner Pinto perguntou sobre o vínculo entre Macarrão e Bola, o menor disse que não queria falar mais nada e que ficaria calado a partir daquele momento. A mãe do jovem, que acompanhava a acareação, não autorizou a coleta de material para um exame DNA.
Sérgio reafirmou depoimento
Sergio Sales ratificou as declarações que havia fornecido anteriormente à polícia, sobre o período em que Eliza teria sido mantida no sítio de Bruno, em Esmeraldas. "Eu não vigiei ninguém. Quem vigiou foi o J. e o Macarrão", afirmou. Questionado se Bruno tinha acesso à casa onde a mulher estava, Sales disse que sim, mas que o atleta não ia muito ao local.
Questionado se o menor deu detalhes da ação, Sales confirmou. "o J. me contou que, juntamente com Macarrão, teriam levado Eliza até a residência onde ocorreu o crime e que teriam presenciado o executor matá-la com ajuda de Macarrão", disse.
Sales disse que foi ameaçado para que não contar nada a polícia. "Nem o J. nem o bruno, mas o Macarrão, sim. Ele falou comigo que se eu abrisse o bico, iria acontecer comigo o que tinha acontecido com Eliza", disse.