Na véspera de viajar com a família para Peruíbe, Neide Ferreira de Araújo, 49 anos, e seu neto Gustavo Araújo, 11, foram mortos a facadas na casa em que moravam na Vila Hortolândia.
Eles residiam há pouco mais de um ano no local e Neide, governanta de uma república de estudantes da FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí), cuidava do neto desde que era bebê.
?Um pedreiro veio cobrar um trabalho feito há poucos dias e chamou, mas ninguém atendeu. Ele falou com um vizinho e os dois estranharam a ausência de cadeado no portão, já que na frente da casa das vítimas funciona um estacionamento. Quando entraram na casa, nos fundos do terreno, os dois viram Neide caída ao lado da cama e pensaram que ela estava passando mal?, conta o soldado Nicodemo, que passava em patrulha com o soldado Ciconelo quando o pedreiro e o vizinho saíam do imóvel pedindo ajuda.
Ao entrarem, viram sinais de sangue em diversos pontos do quarto e a vítima morta ao lado da cama. Como o vizinho lembrou que ela morava com o neto, os PMs passaram a procurar o menino e o encontraram caído no banheiro, com um corte na região do pescoço.
Suspeitos /O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Marcel Fehr, aponta que a polícia trabalha com dois suspeitos, mas que ainda faltam provas científicas para identificar o autor. ?O que podemos afirmar é que não foi um latrocínio, já que a casa não estava revirada e encontramos mais de R$ 1 mil no imóvel.?
Sem sinais de arrombamento, a Polícia Civil acredita que o autor tinha acesso à casa. ?Estamos levantando os detalhes para achar o culpado?, acrescenta.
O Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram ao local e constataram os óbitos das vítimas. Já a Perícia Técnica recolheu peças para tentar identificar o autor do crime. Mas a faca usada para matar as vítimas não foi encontrada.
Os corpos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) de Jundiaí. Além dos ferimentos à faca, Neide ainda apresentava um machucado na nuca provocado por alguma pancada. A polícia acredita que o autor possa ter batido na cabeça dela antes de matá-la.
Os dados periciais irão confirmar em laudo o horário exato das mortes, mas segundo o delegado o crime deve ter acontecido durante a madrugada. ?Os corpos já apresentavam uma certa rigidez de pelo menos umas seis horas do crime, mas só a perícia pode comprovar o horário correto?, afirma.
Revolta / Familiares das vítimas estavam revoltados na delegacia enquanto um dos suspeitos era ouvido pelos policiais. Segundo a irmã de Neide, Zenide Mendes Ferreira, o homem seria um conhecido da família e teria por várias vezes tentado uma aproximação.
?Minha irmã era viúva desde 2009 e ele sempre tentou namorar ela, mas minha irmã nunca quis?, comenta.
O delegado, entretanto, aponta que ainda é prematuro acusar o homem. ?A família quer achar um responsável a qualquer preço, mas temos de separar a emoção da razão e encontrar provas científicas.?
Uma vizinha da vítima, Cristina Lopes, se disse emocionada e que um crime como esse não pode ficar impune. ?Isso não pode ficar assim. A Neide era uma ótima pessoa e o Gustavo era só uma criança. Ele vivia empinando pipa no bairro.?
Sem ano novo / A família de Neide, que viajaria hoje para Peruíbe para passar a virada do ano, cancelou tudo. ?Acabou a nossa alegria. Quem fez isso destruiu nossa família?, disse Zenide. Os dois filhos de Neide, Sinval e Silmara, estavam visivelmente abalados com os crimes. Gustavo era filho de Sinval com uma ex-namorada.