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Menina de 12 anos que desapareceu após conversar com homem em jogo online diz que não foi violentada

Depoimento descarta violência, mas investigação apura relação com homem adulto e possível aliciamento; caso será conduzido pela Delegacia da Mulher de Santos.

Menina desapareceu depois de sair de casa em Santos, litoral de São Paulo. | Foto: Reprodução
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A adolescente de 12 anos que estava desaparecida desde o último fim de semana em Santos (SP) prestou depoimento à Polícia Civil após retornar para casa. De acordo com o delegado Thiago Nemi Bonametti, responsável pela apuração do caso, a menor relatou que passou os cinco dias na residência de um homem de 18 anos, em São Bernardo do Campo, sem, contudo, indicar ter sido vítima de crime violento.

"Ela, a princípio, não alega nenhum crime violento, nada mais grave. Porém, existe a circunstância legal, que é a idade dela, uma questão da lei em que se presume que menores de 14 anos não podem ter relações afetivas", declarou Bonametti.


Retorno voluntário e acionamento da família

Segundo a mãe da menina, Maria Patrícia Melo, a filha entrou em contato na manhã de sexta-feira (11) pedindo que alguém da família fosse buscá-la. De acordo com a tia da adolescente, Michele Cristina de Melo, ela retornou a Santos em um moto táxi.

Durante o desaparecimento, a mãe informou que a menina mantinha contato com um homem conhecido por meio de um jogo online, mas ainda não foi confirmado se é o mesmo com quem ela esteve em São Bernardo.


Áudio à mãe e contradições

Um dia antes de reaparecer, a adolescente enviou um áudio via WhatsApp para tranquilizar a família:

"Mãe, eu tô bem, tá? Não precisa se preocupar. Dia 23 eu tô em casa. Tá tudo bem, eu tô numa casa de uma amiga, não precisa se preocupar", disse ela. Na mensagem, a jovem afirma ainda que estava sendo incomodada pelo menino que estaria sendo contatado pela mãe:

"Ele fica me ligando aqui, está me incomodando hoje [...] Eu tô bem. Não precisa se preocupar, tua filha tá bem, tá bom?"


Investigações seguem com foco no rapaz e familiares

A Polícia Civil investiga como a menina chegou até São Bernardo, já que, segundo o delegado, ela foi levada por um familiar do rapaz. Ainda não há confirmação se ele estava presente no momento. O jovem e sua mãe serão ouvidos formalmente.

"[Ele] deve ser ouvido para esclarecer o que aconteceu, dar a versão dele do ocorrido. A família dele também porque tinha conhecimento de que a menina estava lá, então por que não fez mais nada?", questionou Bonametti.

O delegado reforça que a ida da menina foi voluntária, mas que isso não afasta a responsabilização:

"Foi consensual, apesar de ela ser uma criança praticamente, uma adolescente tecnicamente. Ela não tem vontade ainda, não pode decidir sobre tudo da vida dela ainda, mas ela queria ir. Não foi forçada a ir, assim como quando quis voltar, voltou".


Saúde e acompanhamento psicológico

Após o depoimento, a adolescente foi encaminhada para atendimento na rede municipal de saúde, com o objetivo de verificar se houve qualquer tipo de abuso. O caso agora será acompanhado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, que também avalia eventuais responsabilizações criminais.


Histórico e contexto familiar

Bonametti explicou que a menina vivia há cerca de 15 dias com a mãe, em regime de guarda compartilhada com a avó, o que pode indicar conflitos familiares. A versão de que ela teria conhecido o rapaz por meio de um jogo online é considerada plausível, mas ainda carece de confirmação:

"A mãe fala isso né? (que conheceu no jogo), mas a gente não tem certeza porque ela já tinha o WhatsApp do contato dele como 'amorzinho'. A gente não sabe exatamente como que eles se conheceram", pontuou o delegado.


Imagens do desaparecimento

Câmeras de segurança registraram o momento em que a menina deixou o bairro Marapé, em Santos. Ela aparece caminhando sozinha, com mochila, sacola branca e celular nas mãos. Em determinado momento, a adolescente olha para trás e volta a caminhar.


Declarações da mãe

Maria Patrícia relatou que a filha nunca havia falado sobre o rapaz e que pensava que ela jogava online apenas com amigas. A mãe reforçou que não houve brigas no dia do desaparecimento e que apenas a orientava sobre segurança:

"[Disse] que quando ela quisesse namorar que era para ela falar para mim, que quando quisesse sair, que era para falar comigo", contou.

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