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Megaoperação no Rio deixa 22 mortos e mais de 81 presos em ofensiva contra o Comando Vermelho

O alvo é prender cerca de 100 traficantes ligados à facção em complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital.

Operação Contenção deixou mortos no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução
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Pelo menos 2.500 agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro participam, nesta terça-feira (28), de uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV). O alvo é prender cerca de 100 traficantes ligados à facção em complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital.

Até o início da tarde, 20 suspeitos haviam morrido, além de dois policiais civis, e mais de 80 pessoas foram presas. O governo do estado confirmou que há policiais mortos, mas não divulgou o número. A ação faz parte da Operação Contenção, uma ofensiva permanente contra o avanço do CV em comunidades fluminenses.

Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho e Rodrigo Velloso Cabral, policiais civis mortos | FOTO: Reprodução

Tiroteios, barricadas e drones com bombas

Desde as primeiras horas da manhã, moradores relataram intensos tiroteios e colunas de fumaça provocadas por barricadas em chamas. Imagens mostraram traficantes fugindo em fila indiana pela parte alta da comunidade, cena que lembra a ocupação do Alemão em 2010.

De acordo com a Polícia Civil, criminosos chegaram a lançar bombas com drones em retaliação. Durante as buscas, foram apreendidos 25 fuzis, duas pistolas e nove motos.

O balanço parcial aponta ainda que nove agentes de segurança foram baleados, com duas mortes confirmadas. Entre as vítimas civis estão três pessoas atingidas por balas perdidas, um homem em situação de rua, uma mulher em uma academia e outro ferido em um ferro-velho.

Entre os presos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, um dos principais chefes do CV.

Megaoperação no Rio de Janeiro é considerada a maior do ano - Foto: Reprodução

Operação sem apoio federal e com grande impacto na cidade

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada integralmente pelo estado, sem apoio do governo federal.

“São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada e que vai continuar”, disse.

Cerca de 280 mil moradores vivem nas áreas afetadas. A rotina da população foi amplamente impactada:

    •    28 escolas não abriram no Complexo do Alemão e 17 na Penha;

    •    5 unidades de saúde suspenderam o funcionamento;

    •    12 linhas de ônibus tiveram trajetos desviados por segurança.

A operação envolve policiais civis, militares e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo a Polícia Civil, a ação é resultado de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e tem pelo menos 30 alvos vindos do Pará.

Helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate foram mobilizados para dar suporte às forças de segurança.

Denúncias e estrutura do Comando Vermelho

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico, e três também por tortura. De acordo com os promotores, o Complexo da Penha se consolidou como uma das principais bases de operação do Comando Vermelho, devido à localização estratégica próxima a vias expressas e à expansão da facção pela Zona Oeste.

Além de Doca, foram citados como líderes Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gadernal) e Washington Cesar Braga da Silva (Grandão). Eles são apontados como responsáveis por ordenar execuções, definir escalas de traficantes e controlar o abastecimento e as finanças das bocas de fumo.

Outros 15 homens foram identificados como gerentes e contadores do tráfico, enquanto o restante atuava como soldados armados, encarregados da vigilância e segurança das comunidades.

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