O Tribunal do Júri de Taguatinga, no Distrito Federal (DF), condenou o médico Marcelo Caron a 30 anos de prisão pelas mortes de Grasiela Murta de Oliveira e de Adcélia Martins de Souza. De acordo com a sentença, divulgada por volta de 3h desta quarta-feira (8), pelo juiz-substituto Germano Oliveira Henrique de Holanda, 29 anos serão cumpridos em regime fechado e um ano em regime aberto.
Os advogados de defesa de Caron disseram que vão recorrer da sentença. Caron foi condenado por homicídio doloso qualificado, omissão de socorro e exercício ilegal de medicina.
Apesar da senteça, Caron não saiu do Fórum e foi para a prisão, pois responde ao processo em liberdade, compareceu a todos os atos, e mantém o direito até que seja julgado o último recurso.
O julgamento começou na manhã desta terça (7), e teve quase 18 horas de duração. Para os jurados, o ex-médico assumiu o risco de matar as pacientes. As duas mulheres morreram por complicações provocadas por cirurgias de lipoaspiração. Caron atuava como cirurgião plástico usando um falso diploma de especialização. Os dois casos são de 2002.
Caron foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão em cada caso. Mas ele também foi penalizado com mais um ano de prisão por exercício ilegal de medicina.
Outros processos
Além das duas pacientes, ele é apontado pelo Ministério Público (MP) como responsável pela morte de mais três mulheres e pela deformação de outras 29, todas em consequência de falhas em procedimentos cirúrgicos.
Condenado pela morte de uma das mulheres de Goiânia, ele ganhou da Justiça o direito de aguardar o recurso em liberdade. Na semana passada, os advogados do ex-médico entraram com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o julgamento desta terça, até que fosse avaliado um habeas corpus.
Familiares acompanham julgamento
As famílias das vítimas chegaram cedo ao Tribunal de Taguatinga. A irmã de Grasiela Murta, que tinha 26 anos, disse que ela resolveu fazer a plástica com Caron por indicação de uma massagista. A jovem morreu de infecção generalizada, dias depois.
?Ela teve alta no dia seguinte e ficou em casa, sentindo muitas dores e com a perna inchando. Ainda ficou uns seis dias em casa e depois foi direto para a UTI?, lembrou Cristina Murta.
A mãe e as irmãs de Adcélia Martins de Souza, que tinha 39 anos, disseram que esperaram sete anos pelo julgamento de Caron.