Médico abusa de pacientes em SP

Roger Abdelmassih é investigado pela polícia e pelo Ministério Público

Médico suspeito de abuso de pacientes em SP | Divulgação
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O médico Roger Abdelmassih, um dos maiores especialistas em reprodução assistida do Brasil, é alvo de uma investigação da Polícia Civil de São Paulo e do Ministério Público que apuram denúncias de atentado violento ao pudor feitas por ex-pacientes e uma ex-funcionária.

As investigações começaram a ser feitas no início do ano passado quando algumas ex-pacientes procuraram o Gaeco, um grupo especial do Ministério Público. Desde sexta-feira (9), após as primeiras informações sobre o caso serem divulgadas, além das oito ex-pacientes que já haviam sido ouvidas, outras 14 entraram em contato com os promotores se identificando como vítimas do médico. Segundo o promotor José Reinaldo Carneiro, até a tarde desta segunda-feira (12), três dessas novas reclamantes já haviam sido ouvidas pela polícia.

O Ministério Público espera a conclusão do inquérito policial para poder denunciar o médico à Justiça. ?São depoimentos extremamente coerentes, de pessoas que nunca se viram, que não se conhecem e que têm o mesmo conteúdo do ponto de vista de perfil de ataque sexual. Os depoimentos são extremamente graves?, afirmou o promotor.

As pacientes têm idades entre 30 e 45 anos e são de vários estados do país. O relato mais antigo, segundo o promotor, é de 1994 e há outros de 2005, 2006 e 2007. Algumas chegaram a procurar a polícia na época da violência, mas a maioria só se manifestou após ver os relatos na imprensa. ?Muitas achavam que só havia acontecido com elas, tinham medo de ser a palavra delas contra a de um médico tão famoso e não tinham idéia do coletivo [quantidade de denúncias]?, diz o promotor explicando porque algumas não chegaram a denunciar o crime.

Segundo ele, há casos nos quais a paciente continuou o tratamento porque já tinha óvulo fecundado na clínica e sentia como abandonar um filho se deixasse o óvulo no local. Preocupadas, algumas exigiram continuar o tratamento com outros médicos da equipe, segundo informou Carneiro.

De acordo com a Promotoria, os relatos das pacientes são muito parecidos quanto à forma de abordagem no consultório. ?Nós temos relatos de manipulação peniana, beijo a força de língua com língua, imobilização física, todo tipo de contato. Cada mulher tem uma narrativa?, conta.

Segundo o promotor, os ataques ocorriam quando as pacientes estavam voltando da sedação ou até mesmo sem estarem sedadas e em momentos quando não havia outra pessoa na sala. Os promotores tentaram denunciar o médico no ano passado, mas a Justiça não aceitou a denúncia justificando que os promotores não tinham poder para investigar. O caso foi encaminhado para a polícia, naquela ocasião.

O médico foi chamado para ser ouvido no Ministério Público em agosto do ano passado, mas pediu adiamento justificando motivo de doença dele e da esposa. Cerca de 15 dias depois foi chamado novamente e mais uma vez não se apresentou, segundo a promotoria.

Outro Lado

Procurado pelo G1, o médico informou, por meio de nota assinada por seu advogado, Adriano Vanni, e enviada por sua assessoria de imprensa, que ?é o maior interessado na elucidação total dos fatos, quando certamente será constatada a sua inocência?, diz o texto.

Ainda segundo a nota, a defesa do médico não conseguiu ter acesso integral ao conteúdo investigado pelo Ministério Público, apesar de ter requisitado isso vários vezes. ?Evidentemente é impossível prestar esclarecimentos sem saber o exato teor das acusações?, diz o texto.

?A defesa do dr. Roger sequer conhece a identidade das pessoas que o denunciam, com exceção de uma ex-funcionária que confessadamente é autora de uma tentativa de extorsão?, acrescenta. O promotor diz que a informação não procede. "Desde o primeiro momento que o médico foi chamado, tudo que o advogado pediu ele obteve, exceto a identidade das vítimas, que serão preservadas", informa a nota.

A nota diz ainda que o médico está indignado com as acusações: ?O dr. Roger manifesta sua indignação com os relatos divulgados, que sem uma única prova tentam atingir a reputação de um médico com relevantes serviços prestados à sociedade, inclusive no campo da pesquisa científica, com mais de sete mil crianças nascidas após o trabalho de sua clínica?.

O G1 também entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública para comentar a investigação no âmbito policial. O órgão informou que havia casos sendo investigados no 78º DP, nos Jardins, e na 1ª e 2ª Delegacia da Mulher na capital paulista. A secretaria disse que não pode dar mais detalhes porque as investigações correm sob segredo de Justiça.

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