Marcinho VP poderá perder comando de facção no Rio

Ele está isolado, sem favela, sem dinheiro e sem prestígio na cúpula

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Apontado como o mandante da onda de ataques que aterrorizou a região metropolitana do Rio de Janeiro na última semana de novembro, o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, deverá perder o posto de "presidente" da principal facção criminosa fluminense.

Segundo policiais, com a ocupação do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, Marcinho VP ficou sem favelas, sem dinheiro e ainda prejudicou outros bandidos. Além disso, ao ser transferido para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, passou a ficar submetido ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), ou seja, incomunicável.

Os três advogados do bandido, que foram denunciados por ajudá-lo a transmitir as ordens para os ataques, não podem mais visitá-lo porque tiveram a prisão preventiva decretada.

VP já não desfruta de prestígio entre os chefões do grupo que estão presos. Muitos dos líderes, entre eles Isaías dos Santos Rodrigues, o Isaías do Borel, Marco Antônio Firmino da Silva, o My Thor, Márcio Cândido da Silva, o Porca Russa, Fábio Pinto dos Santos, o Fabinho São João e Charles Silva Batista, o Charles do Lixão, não concordaram ou se mantiveram neutros sobre a onda de ataques. Apenas Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Márcio Batista da Silva, o Dinho Porquinho, foram a favor.

A divergência chegou a causar brigas na cadeia. Isaías do Borel chegou a ser espancado no presídio de Catanduvas (PR) por ordem de Marcinho VP. Integrante da ala antiga da organização criminosa, Isaías, que sempre foi considerado a "cabeça pensante" da facção, poderá voltar ao comando.

- Se Isaías voltar ao comando, o perfil da facção vai mudar. Não vai haver mais essa história de ataques - comenta um policial.

A ascensão de Marcinho VP no grupo surgiu no início da década passada. Segundo a polícia, ele ordenou a morte do traficante Dênis Leandro da Silva, o Dênis da Rocinha, dentro do presídio de Bangu 1, na zona oeste da cidade, e assumiu o controle da facção criminosa.

Uma resposta do Estado

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.

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