Mães dos jovens assassinados em Luziânia (GO), cidade a 70 km de Brasília (DF), cobram do Congresso e do governo uma legislação com penas mais duras para pedófilos. Elas participam de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Pelo regimento da Casa, no entanto, as mães não podem falar durante a sessão.
As maiores críticas, feitas até pelo ministro, são em relação ao sistema de progressão de penas. O pedreiro Adimar Jesus da Silva recebeu em dezembro do ano passado o benefício de regime aberto e dias depois começou a cometer os crimes em Luziânia (GO). Ele estava preso pelo crime de atentado violento ao pudor desde novembro de 2005.
Sônia Vieira de Azevedo, mãe de Paulo Victor, de 16 anos, destacou em entrevista que o filho poderia estar vivo se não houvesse a progressão. ?Se ele estivesse preso, a gente estaria com nossos filhos. Então a gente vai buscar, a gente vai cobrar porque a gente não quer que amanhã aconteça com outras mães, que elas passem pelo que a gente está passando?.
Se ele estivesse preso, a gente estaria com nossos filhos. Então a gente vai buscar, a gente vai cobrar porque a gente não quer que amanhã aconteça com outras mães, que elas passem pelo que a gente está passandoSônia Vieira, mãe de um dos jovensEla destaca que a Justiça falhou e afirmou estar ?revoltada? com a situação. Sônia destacou que havia um mandado de prisão contra Adimar na Bahia e conclamou outras mães para se engajarem na luta por penas mais duras. ?A gente quer que todas as mães se juntem à gente pra dar força para lutar para que isso não aconteça mais. Isso não pode ficar no esquecimento. Foi um erro e a gente pagou por isso?.
Valdirene Fernandes da Cunha, mãe de Flávio Augusto, de 14 anos, chegou a dizer que pedófilos deveriam ficar presos ?para sempre?. Ela questionou a alegação de que Adimar teve bom comportamento e, por isso, pode ser beneficiado com a progressão de pena. ?Uma pessoa dessa forma, como vai ter um bom comportamento, sendo que onde ele está só tem adultos e ele é um pedófilo, um aliciador de menores??
A mãe de Flávio Augusto destacou outros escândalos de pedofilia, como os registrados na Igreja Católica, para dizer que as mães têm medo de novos casos. ?Não estamos seguras porque o perigo está nas nossas casas: é pedreiro, é professor. Eles estão aí, fantasiados. Até padres. Quem agora pode deixar uma criança ir à Igreja? Então, eles estão aí fantasiados."