Um casal de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, vive momentos de angústia desde o dia 26 de maio, quando o homem desconfiou do comportamento de uma das filhas gêmeas, de 4 anos, que estava muito quieta e constantemente roía as unhas, demonstrando medo. A mãe foi conversar com as crianças e, após uma hora de tentativa, uma delas deu a entender que alguém na escola tinha mexido em suas partes íntimas. "Fui ver e achei que estava vermelhinho?, contou a mulher, que foi à 36ª DP (Santa Cruz) registrar queixa de abuso sexual. O suspeito: um gari que trabalha na escola municipal onde estudam as duas, local do suposto crime.
O delegado mandou o casal com as filhas para o Hospital Pedro II, e a médica verificou uma alteração nas partes genitais delas. De volta à delegacia, a mãe recebeu um pedido para exame de corpo de delito, já realizado.
Depois que a primeira menina confirmou para a mãe o que tinha ocorrido, a outra menor também relatou o mesmo problema. As duas choravam muito. ?Elas contaram que quem tinha feito a maldade se chamava Leandro e usava o uniforme de gari?.
Segundo a mãe, esse rapaz ficava sempre na porta da escola recebendo os estudantes. ?Parecia um funcionário do colégio, porque ele estava todo dia lá.?
A mãe voltou à polícia e informou ao delegado Anderson Ribeiro Pinto o nome do suposto criminoso. Em nota, a Polícia Civil informou que "o caso está sendo investigado e todos procedimentos de praxe estão sendo adotados. Testemunhas estão sendo ouvidas e a vítima já realizou o exame de corpo de delito. O suposto autor, que é um gari, já foi identificado e prestou depoimento. O delegado aguarda o resultado do laudo pericial".
Sindicância aberta
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação do Rio esclareceu que, de acordo com a 10ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), assim que a mãe relatou a situação foi aberta uma sindicância para apurar o caso. Ainda de acordo com o órgão, a secretaria informa, ainda, que o funcionário da Comlurb foi afastado da escola até o fim da apuração. A CRE vai colaborar com a polícia no que for necessário.
O casal também é pai de um menino de 9 anos. Ele contou para a mãe que diversas vezes encontrou as irmãs sozinhas pelos corredores do colégio, sem os professores. ?Elas andavam lá tudo?, disse o menino.
Reincidência
A mãe das gêmeas contou ao que as meninas disseram que o abusou aconteceu mais de uma vez. ?Elas falaram que ele levava elas para uma sala, tirava a roupa, colocava o dedo e a professora não estava perto.?
A mãe das meninas acionou o Conselho Tutelar para pedir ajuda psicológica para as crianças. ?Elas estão o tempo todo com medo, acham que vão morrer porque contaram o ?segredo? para a mãe. Elas estão nervosas, agitadas, não ficam sozinhas.?
O Conselho Tutelar encaminhou a recepcionista para o CRE. A mãe pediu a transferência do filho para outra instituição e a abertura de uma sindicância para apurar os fatos.
Empenhada por Justiça para resolver o problema, a mãe voltou à delegacia para contar o ocorrido e encontrou a professora e o gari. Eles foram ouvidos e liberados pelo delegado. ?Até agora estou sem resposta, ninguém me fala nada. Ele está solto aí e eu tenho medo do que posso acontecer. Eu acordo no meio da noite com muito medo?, relatou. ?Eu e o pai dela queremos Justiça. Isso pode ter acontecido com outras crianças também?.
A avó também está revoltada com a situação. ?Eu dava banho nelas e elas não deixavam eu lavar direito, ficavam travando as perninhas. Elas diziam que doía muito. Algumas vezes eu achava que elas estavam assadas, falava até com a minha filha, mas podia ser outra coisa?, revelou. Depois que a história veio à tona para os pais, as crianças deixaram o colégio e quando passam em frente dizem que não querem voltar.