A Polícia Federal ainda continua as buscas pelo prefeito de Barra do Corda, Manoel Mariano de Sousa, por sua esposa Francisca Teles de Sousa e por João Batista Magalhães, lobista da quadrilha, que tem mais nove pessoas, já presas pela PF na manhã desta quinta-feira (3). Segundo a polícia, eles estão nacionalmente cercados e conseguirão pegar nenhum avião.
Os nove presos pela PF já estão prestando depoimento e serão encaminhados para uma penitenciária de São Luís. São eles: Sandra Maria Teles de Sousa e Pedro Alberto Teles, filhos do Manoel Mariano, Iramar Araújo Medeiros, genro de Manoel Mariano, Janaína Maria Simões de Sousa, nora do Manoel Mariano, Moacir Mariano Silva, Luís Marques de Sousa, o "Luizinho da Cemar", Quintino Gomes da Silva, o "Peba", Gilson Silva Oliveira e José Alcimar da Silva, todos laranjas.
A organização criminosa estava sendo investigada pela Polícia Federal desde fevereiro de 2010, após análises de documentos e relatórios enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, que identificou movimentações atípicas e vultosas nas contas pessoais dos envolvidos e em bens pertecentes aos integrantes. Eles estão sendo acusados de lavagem de dinheiro. "Nós já temos muitas provas nos autos, que para mim, já são robustas e, o mais importante, para o desembargador elas são mais robustas ainda, porque ele concedeu a prisão de uma pessoa", afirmou o delegado Victor Mesquita, do Grupo de Repressão aos Crimes Financeiros e Lavagem de Dinheiro da Superintendência Regional de Polícia Federal no Maranhão, responsável pela Operação Astiages.
Os policiais federais afirmam que a origem do dinheiro usado na lavagem é o desvio de recursos públicos, mas o desvio, especifico, ainda não foi investigado, pois a ação da PF no combate à lavagem independe do crime cometido antes.
Apreensões e bens
Desencadeada às 6h desta quinta-feira, a operação apreendeu duas caminhonetes Pajero, uma Hilux, dois Hondas City, um Honda CRV, seis caminhões-baú, 15 relógios de grifes, como Rolex, Mont Blanc, Bvlgari, entre outras, muitas joias, um helicóptero e um avião. Sem as joias, que ainda serão avaliadas, os bens apreendidos somam, aproximadamente, R$ 5 milhões. Somente pelo prefeito de Barra do Corda e mais outro integrante da organização, foram movimentados R$ 50 milhões nas contas pessoais
"Isso [a apreensão] representa 10% do valor movimentado nas contas dos integrantes da quadrilha, mas já é uma quantia que a gente consegue reverter para a sociedade. [...] Precisávamos agiar rápido para frear as ações da quadrilha, pois estava sendo um derramamento de dinheiro", comentou o delegado Mesquita.
O avião apreendido, segundo a PF, estava no nome de um laranja, cujas condições financeiras não podem justificar um bem com esse valor. "Essa pessoa não pode comprar nem uma bicicleta", disse o delegado. Essa aeronave e o helicóptero foram encontrados em um aeroporto particular de Paço do Lumiar.
Sobre os imóveis visitados durante o cumprimento dos mandados, vários em Barra do Corda e um em São Luís, o delegado Victor Mesquita reforçou que a estrutura interna das casas eram bastante luxuosas. Porém, ainda não pode ser estimado o valor que os imóveis têm. "Muitos bens estavam no nome dos laranjas e sendo utilizados pela família", revelou Victor Mesquita.
O superintendente em exercício da PF no Maranhão, o delegado Eugênio Ricas, informou que, depois dos depoimentos e defesa dos envolvidos, será pedido o perdimento dos bens, para revertê-los ao patrimônio público.
Da operação participam vinte policiais federais do Piauí, oitenta do Maranhão e oito policiais de Brasília (DF), que dão suporte na busca pelo prefeito Manoel Mariano e a esposa, que poderiam estar na capital federal.
Os trinta mandados - 12 de prisão e 18 de apreensão - foram concedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.