Quarta colocada no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, Luciana Genro (Psol) fez uma análise sob a ótima da esquerda acerca dos protestos deste domingo (15), os quais pediram a saída da presidente Dilma Rousseff e do PT do governo federal, além de clamarem pelo fim da corrupção no Brasil.
Luciana – que recebeu mais de 1,6 milhão de votos em 2014 – destacou o fato de muita gente ter ido para a rua, e que isso é uma sinalização do momento que o País atravessa. Entretanto, a candidata do Psol alertou para a presença de ideologias de direita e da extrema direita em meio ao discurso que pede por mudanças.
“Nem tudo o que as ruas falam sugerem um bom caminho. As faixas em favor do golpe são um sintoma claro de que mesmo que milhares tenham tomado as ruas, não se abriu um caminho novo e progressista (...). As pessoas querem mudanças, mas para que a direita não ganhe na inércia é preciso avançar em um programa. A questão é que mudanças são necessárias e quem são os agentes desta mudança”, escreveu.
Ex-integrante do PT, Luciana ainda mencionou que o partido “traiu os interesses históricos da classe trabalhadora” e que “foi muito útil à classe dominante”. Porém, ela é contrária ao impeachment de Dilma (“entregar o governo a Michel Temer ou Renan (Calheiros) é inaceitável, seria um desastre total”). “Para que as eleições representem de fato uma mudança teriam que ser realizadas sob novas regras, sem o dinheiro das empreiteiras e sem as desigualdades abissais na disputa”, completou.
Na visão da líder do Psol, o lado positivo da população ir às ruas pode ser ofuscado pelo que isso possa trazer, caso a escolha não seja a correta. “Neste momento as ruas não estão indicando apenas um caminho. E se a estrada errada for a escolhida, ao invés de se progredir e superar a crise, poderemos retroceder e permitir que os grandes empresários, bancos, empreiteiras e corporações midiáticas façam valer sua agenda de defesa dos privilégios e de uma sociedade ainda mais desigual”.
Sobraram ainda críticas à Rede Globo, a qual teria “incentivado os protestos”, de acordo com Luciana Genro, para o PSDB e ao ministro Joaquim Levy e seus “ajustes”. Além do ato deste domingo, o caminho para o Brasil passa por eventos recentes, como a “greve dos servidores do Paraná, dos garis do Rio de Janeiro, dos caminhoneiros”.
“Este é o método de luta e o método de se construir uma oposição de esquerda. Estas lutas vão seguir. É desta forma que as ruas precisam falar”, finalizou.