Lindemberg disse que “ninguém sairia vivo”, afirma amigo de Eloá

As declarações foram feitas durante o julgamento do caso, que começou hoje e deve durar até três dias

Julgamento de Lindemberg Alves | Divulgação
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Os estudantes Victor Lopes e Iago Vilela de Oliveira, amigos de Eloá Pimentel, disseram nesta segunda-feira à tarde, que Lindemberg Alves Fernandes tinha a intenção de matar a adolescente desde o momento em que invadiu o apartamento onde ela morava com a família, em Santo André, na Grande São Paulo. As declarações foram feitas durante o julgamento do caso, que começou hoje e deve durar até três dias. O réu ainda teria avisado que "ninguém sairia vivo" do local, incluindo ele próprio.

"Ele falava que ia matar todo mundo e depois se matar, que ia matar a Eloá e depois se matar. Falou que ninguém ia sair vivo de lá", afirmou Iago, que passou cerca de 11 horas em cárcere privado com Eloá e a amiga Nayara Rodrigues, com quem namorava na época.

Iago e Victor foram ouvidos logo depois de Nayara falar por cerca de duas horas sobre o episódio de outubro de 2008, do qual ela saiu baleada. O primeiro a depor foi Victor, que confirmou a versão de Nayara, segundo a qual Lindemberg havia sido muito agressivo e os ameaçava constantemente com uma arma de fogo.

"Ele disse que tinha munição para ficar o tempo que fosse", relatou Victor, acrescentando que Lindemberg ameaçou "dar um tiro em alguém para Eloá ver que ele não estava de brincadeira".

Para o ex-namorado de Nayara, a morte de Eloá não foi uma surpresa, porque "toda hora ele deixava claro que iria matá-la". Ainda segundo Iago, Lindemberg manteve a arma apontada para os quatro reféns o "tempo todo" e chegou a dar risada e a ficar "cheio de si" ao atirar pela janela contra o sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, um dos negociadores do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).

"Ela (Eloá) só chorava. Ela chegou a ajoelhar aos pés dele pra pedir pra que ele soltasse a gente", afirmou Iago, que garantiu que não consegue mais estudar nem "ficar dentro de uma sala de aula, de qualquer lugar fechado, abafado".

Lindemberg teria ameaçado os amigos ao libertá-los, ainda no primeiro dia de cárcere privado. "(Lindemberg disse) Vai embora e se você tentar alguma besteira eu atiro nas suas costas", acusou Iago.

O sargento da PM e o irmão mais velho de Eloá, Ronickson, devem depor ainda hoje como testemunhas de acusação. O réu só deve falar quando todas as testemunhas foram ouvidas. Ao todo, 19 pessoas foram chamadas a depor, mas quatro delas foram dispensadas pela defesa.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

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