Segundo dados de um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o estado do Rio Grande do Sul destaca-se por ter o maior número de facções criminas do Brasil, os números apontam que no estado há 15 das 53 organizações criminosas presentes no país.
Em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no primeiro semestre de 2023 foram registrados pelo menos 134 homicídios, desses, 107 possuem ligação com o crime organizado. Os conflitos entre facções rivais têm instilado temor na comunidade, gerando apreensão entre os moradores. Além disso, algumas das pessoas afetadas por esses confrontos armados não possuíam nenhuma ligação com atividades criminosas organizadas.
Manoela Yres Campos Trapps, de 17 anos, uma das vítimas desses confrontos, foi alvejada por tiros durante um evento de pagode realizado em um estabelecimento no bairro Campo Novo, situado na zona sul de Porto Alegre, no dia 4 de setembro de2022. Quase doze meses depois do falecimento da jovem, os familiares de Manoela ainda enfrentam as repercussões da quela noite.
"Hoje em dia, ligação de noite para nós é um trauma. Toca o telefone, tu nunca espera, tu nunca acha que é coisa boa. Qualquer número diferente que te ligue, teu coração já dispara. Depois disso, tu nunca sabe o que vem atrás de uma ligação. A gente espera muito que seja feita justiça, porque não nos resta mais nada", desabafou a mãe da vítima que não quis se identificar.
O caso da morte Manoela foi registrado após disparos que interrompeu a apresentação da festa em que ela estava. Além da jovem, a ação criminosa resultou na morte de outras duas jovens e deixou um total de 23 indivíduos feridos por disparos.
De acordo com Eduardo Pazinato, professor e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma das potenciais abordagens para conter a expansão das facções criminosas é que o Estado desempenhe um papel não somente como força de segurança, mas também por meio de iniciativas sociais.
"Precisamos potencializar as políticas públicas de prevenção das violências, disputando cada um e cada uma desses jovens com o crime organizado através da manutenção em escolas e da oportunidade de formação socioprofissional e cultural", disse Pazinato.
As investigações indicam que as organizações criminosas obtêm recursos financeiros principalmente por meio de três fontes principais: o tráfico de substâncias ilícitas, o assalto a cargas e o roubo de veículos de alto padrão.