Laudos da Polícia Técnico-Científica de São Paulo reforçam a tese da Polícia Civil de que o ex-baixista da banda Charlie Brown Jr., Champignon, cometeu suicídio na madrugada do último dia 9. Para a investigação, ele usou uma pistola para atirar contra a própria cabeça no apartamento onde morava com a mulher grávida, na Zona Sul da capital. De acordo com o delegado Danilo Alexiades, os exames do local, do confronto balístico indicam que o artista se matou com uma pistola 380. Além disso, também foram entregues os testes das análises do computador do músico e da esposa.
?Chegou o laudo da perícia local e o confronto balístico com os dois projéteis extraídos do apartamento e do corpo do cantor. Os projéteis foram comparados com a pistola que ele teria se suicidado e o resultado do confronto foi positivo?, disse nesta sexta-feira (27) o delegado Danilo Alexiades. ?Tudo corroborando com os depoimentos no sentido do suicídio?.
Questionado sobre os laudos da perícia local e do computador do casal, o delegado do 89º Distrito Policial, respondeu que os dois testes também apontam para a tese da investigação de que o músico de 35 anos se matou por não ter suportado as críticas dos fãs.
?O exame do local descreve como ele se suicidou. E a análise de perícia de informática foram encontradas muitas mensagens de amor do Champignon para a mulher, que está grávida de cinco meses, e para a filha que irá nascer?, disse Danilo Alexiades.
A mulher de Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, a cantora Cláudia Bossle Campos, de 32 anos, falou à polícia que o marido ?chorou? no dia 8, na véspera de sua morte, por causa de uma crítica que recebeu na internet.
Além dos problemas financeiros que estava enfrentando, o delegado contou que a viúva relatou que o músico estava ?triste? com comentários, por ter assumido o vocal do grupo no lugar do cantor Chorão, morto em 6 de março. Após a morte de Alexandre Magno Abrão, o Charlie Brown Jr. mudou de nome e passou a se chamar A Banca.
Após o depoimento da viúva e de mais dez outras pessoas, entre àquelas que conviveram com Champignon, e vizinhos e policiais que o encontraram, o delegado afirmou que está mais convencido de que ?uma forte depressão? levou o artista a se matar.
Segundo Alexíades, mesmo diante da tristeza de Champignon, a mulher não percebeu que o marido estava disposto a tirar a própria vida.
Apesar disso, são aguardados os resultados dos laudos necroscópico (que irá apontar a causa da morte, possivelmente traumatismo craniano), residuográfico (para saber se há pólvora nas mãos de Champignon), toxicológico (tentar confirmar que ele estava sob efeito de álcool) e as imagens das câmeras de segurança (gravaram o músico fazer um gesto no elevador, que está sendo interpretado como um sinal de que ele iria tirar a própria vida).
"Por causa disso, se os laudos não chegarem até o dia 9 de outubro, a polícia terá de pedir à Justiça a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito", disse Danilo Alexiades. "Os laudos são importantes, mas não vão mudar a convicção da investigação de que Champignon se matou. Eles irão reforçar apenas a tese do suicídio."
O caso
O corpo de Champignon foi encontrado pela Polícia Militar na madrugada do dia 9 no apartamento que ele dividia com Cláudia, na Zona Sul da capital paulista.
De acordo com o delegado, Cláudia contou que no domingo à noite, ela e marido foram com um casal amigo a um restaurante japonês na Zona Oeste. Foram num carro só, guiado por um amigo. Pelo depoimento prestado, a viúva contou que teve uma pequena discussão com Champignon por causa de bebida.
Champignon fez ao menos duas declarações de pobreza à Justiça. A alegação do músico é a de que ele não tinha condições financeiras para arcar com custos de processos por dívidas, a maioria por bens que adquiriu e não conseguiu pagar, nem dinheiro para pagar advogados para defendê-lo.