A Justiça decretou na sexta-feira (9) o sequestro de parte dos bens de dois irmãos acusados de planejar o estupro de coletivo de cinco mulheres na cidade de Queimadas, no Agreste da Paraíba, na madrugada do dia 12 de fevereiro. A decisão foi tomada pela juíza da 1ª Vara de Queimadas, Flávia Baptista Rocha, após um pedido movido pela família de uma das mulheres mortas durante o crime, a recepcionista Michele Domingos da Silva.
A ação pedindo o leilão dos bens dos irmãos Eduardo dos Santos Pereira e Luciano dos Santos Pereira foi impetrada no último dia 28 de fevereiro. De acordo com o advogado que representa os pais da vítima, Francisco Pedro da Silva, o processo foi motivado porque ela era a principal fonte de renda da família e os valores arrecadados pela Justiça deverão ser revertidos em indenização.
No despacho determinando o sequestro dos bens, a juíza elenca duas motocicletas, dois automóveis, além de dois capacetes e dois cavalos de raça. Segundo a Polícia Civil, o somatório dos bens corresponderia a mais de R$ 200 mil e praticamente todos teriam sido adquiridos com dinheiro em espécie pelos acusados. A juíza também autoriza a realização de leilões para a venda dos bens.
Para o advogado Francisco Pedro da Silva a decisão da Justiça foi bastante positiva. Segundo ele, após o crime, os bens servirão de amparo para a família de Michele. ?Eles serão leiloados o mais rápido possível e o dinheiro depositado em caderneta de poupança, até que o fim da sentença condene os acusados e a família da vítima tenha o direito de utilizar esses recursos?, explicou.
No dia 28 de fevereiro a Justiça aceitou aceitou as denúncias e representações do Ministério Público da Paraíba contra os sete adultos e três adolescentes apontados como envolvidos nos estupros de cinco mulheres e morte de duas delas. Nove integrantes do grupo serão julgados monocraticamente por estupro, cárcere privado, lesão corporal e formação de quadrilha. Além destes quatro crimes, Eduardo dos Santos Pereira será levado ao tribunal do júri devido à acusação por dois homicídios qualificados.
Paralelo às investigações sobre o estupro coletivo e os dois homicídios, a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar a origem dos bens de Eduardo e Luciano. Segundo o delegado regional de Campina Grande, André Rabelo, um deles possuía alto padrão de vida apesar de não trabalhar. ?Possuiu carros novos, cavalo de raça e vive sem nunca trabalhar, sem bater um prego em uma barra de sabão?, declarou o delegado em entrevista ao Fantástico.
A principal suspeita é sobre a existência de uma ligação deles com o traficante Nem, do Rio de Janeiro. A família de Nem tem origens na cidade de Queimadas e um dos irmãos já morou na Rocinha.