A Justiça decretou a prisão temporária do suspeito de matar o jovem Eliwelton da Silva Lessa, de 22 anos. Hélio Galdino Vieira, de 37 anos, conhecido como Papai, dirigia a van pirata que atropelou o rapaz três vezes na madrugada de segunda-feira e está foragido. O crime aconteceu na Estrada Raul Veiga, em Alcântara, São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Eliwelton chegou a ficar internado no Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, mas morreu nesta quinta. O jovem, que era homossexual, teve a coluna quebrada em três lugares, fraturou três costelas, quebrou a bacia e teve o pulmão perfurado.
Hélio costumava ficar num ponto na Raul Veiga. Segundo testeunhas ouvidas pela polícia, o homem tem um comportamento violento e já teria se envolvido em outras brigas. O acusado responde por homicídio qualificado, por motivo torpe. A pena varia entre 16 e 30 anos.
Amigo de Eliwelton que testemunhou o crime, o cabeleireiro Bruno Sales, de 26 anos, está satisfeito com o avanço da investigação. Mas continua com medo. Desde o dia do atropelamento, está na casa de uma amiga. Ele também não trabalhou na última semana. Volta ao salão neste sábado. Mas, para sair de casa, pretende mudar a aparência.
- Também não passou mais por Alcântara, onde ficam as vans. O suspeito está foragido, mas tem amigos. Nunca tinha sofrido uma agressão dessas. No máximo xingamentos. Mas sempre procurei não responder para evitar confusão - disse Bruno.
Ele espera um contato do coordenador do Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento, para organizar um novo protesto contra o assassinato de Eliwelton.
O crime
Na madrugada de segunda, por volta das 2h30m, Eliwelton, Bruno e um outro amigo, todos gays, passavam pela Estrada Raul Veiga quando Hélio Galdino começou a mandar beijinhos e os chamar de ?viados?. Eliwelton e o acusado começaram a discutir. Logo Eliwelton e Hélio se atracaram, mas os amigos do jovem conseguiram apartar a briga. Hélio teria ido até a van para pegar uma barra de ferro, mas o grupo impediu e todos foram embora.
Eliwelton e os amigos andaram um quarteirão. Eles pararam para conversar na calçada. A van então sugiu. Segundo Bruno, o veículo estava em alta velocidade e o atropelou três vezes. O delegado Jorge Veloso, titular da 74ª DP, classificou o crime como hediondo.
Protesto
Eliwelton foi enterrado na tarde desta sexta-feira, no Cemitério de Pacheco, em São Gonçalo. Depois do sepultamento, amigos do rapaz fizeram um protesto na Estrada de Pacheco. Eles queimaram galhos de árvores e chegaram a interromper o trânsito pedindo justiça. A mãe do jovem, Zélia da Silva, que trabalhava com ele, também como faxineira, numa academia em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi embora amparada por parentes.
Eliwelton estava juntando dinheiro para fazer sua festa de aniversário no próximo dia 23 de junho. Ele tinha também o sonho de deixar São Gonçalo e se mudar para Copacabana, na Zona Sul do Rio.