A reitoria da Unicamp disse em nota que o estudante Denis Papa Casagrande, morto em uma festa no final de semana, "seria incapaz de uma atitude desrespeitosa ou agressiva" -- fato que todos os que "partilhavam de sua companhia, no ambiente estudantil ou no contexto familiar" sabiam. A nota foi divulgada na manhã desta quarta-feira (25).
Na tarde de ontem, Maria Tereza Peregrino, 20, confessou à polícia ser a autora da facada que matou o estudante. Maria Tereza alegou legítima defesa para cometer o crime, já que, na versão dela, Casagrande teria tentado agarrá-la.
O aluno de 21 anos foi morto por volta das 3h30 de sábado (21) em uma festa no teatro de arena da universidade, em Campinas. O estudante de engenharia de controle e automação da instituição chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento.
O namorado de Maria Tereza, Anderson Mamede, 20, foi inicialmente apontado como suspeito e relatou a versão de que sua namorada teria cometido o crime. Anderson e Maria Tereza não eram alunos da universidade.
"Foi legítima defesa. O cara tentou agarrar ela à força e bateu nela", afirmou o atendente Anderson Mamede, 20, enquanto os dois se dirigiam a um carro. "Infelizmente ele [Casagrande] morreu e não está aqui para poder comprovar nada", disse ele na segunda-feira (23), após depoimento na delegacia de polícia.
Segundo um amigo que morava com o estudante de engenharia, um grupo de jovens o atacou. "Bateram até com um skate", disse o rapaz, que pediu para não ser identificado. A polícia vai procurar imagens das câmeras de segurança da universidade para a investigação.
A Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo confirmou ainda que a jovem entregou a arma do crime, que está na Delegacia Seccional de Campinas e será enviada para análise. Agora, a polícia da cidade irá analisar as imagens do circuito de segurança da Unicamp para confirmar a declaração de Maria Tereza.
"A gente esquece até de comer"
Abalado pela morte do filho, Celso Casagrande disse à Folha que ainda é "muito difícil" aceitar a "barbaridade que fizeram". "Ainda estamos um pouco anestesiados. É muito difícil", afirmou. "A gente ainda não retomou a vida. Até de comer a gente se esquece porque fica pensando nessa barbaridade."
A Unicamp decretou ontem luto oficial de três dias e informou, em nota, que lamenta a morte do estudante e se solidariza com sua família. Segundo a instituição, não havia autorização para a realização da festa.