?Um crime que teve conseqüências drásticas, com a perda irreparável de uma vida, que é o bem maior protegido pelo Direito. O ato cometido foi mesquinho, pois a vítima não deu causa para o crime. Foi um crime hediondo.?
As palavras estão na sentença proferida pela juíza de Direito, Maria de Fátima Bezerra Facundo, respondendo pela Nova Vara Criminal da Capital, ao condenar a 20 anos de reclusão o jovem Johnny Teixeira de Lima, 24, pelo assassinato da engenheira e servidora pública federal Ana Rosa Pinheiro Regadas, 44, diretora de secretaria do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O Diário do Nordeste teve acesso, com exclusividade, ao teor da sentença.
O assassinato ficou caracterizado na Justiça como um latrocínio (roubo seguido de morte). A servidora foi encontrada morta, em sua cama, na manhã do dia 26 de abril do ano passado. Ela morava em um condomínio de casas de luxo, situado na Avenida Edilson Brasil Soárez, no bairro Edson Queiroz, nesta Capital.
Denunciado pelo Ministério Público Estadual, representado pelo promotor de Justiça Domingos Sávio Amorim, Johnny Teixeira se encontra recolhido na Casa de Privação Provisória da Liberdade (CPPL) de Itaitinga, mas, na próxima semana, deverá ser transferido para uma cela do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz, onde passará a cumprir a pena, inicialmente, em regime fechado.
O caso foi investigado pela Polícia Civil através do 26º DP (Edson Queiroz), sob a presidência do delegado José Lopes Filho. Johnny foi indiciado pelo latrocínio por ter roubado da vítima algumas jóias, um notebook, um aparelho de DVD, além de uma arma (revólver). Ele fugiu depois de matar a servidora com golpes de faca e por meio de estrangulamento.
Demitido
O acusado era ex-empregado de Ana Rosa Regadas. Porém, seis meses antes do crime, foi demitido por ter sido acusado de furtar alguns cheques da patroa. Segundo o promotor Sávio Amorim, além do assassino, outras duas pessoas foram denunciadas no processo por terem praticado crime de receptação.
O ourives José Arimatéia Holanda Costa, dono de uma ourivesaria no Centro da cidade, confessou na Polícia ter comprado as jóias da servidora, pela quantia de R$ 2,5 mil. Cícero Pereira da Silva comprou o aparelho de DVD por R$ 200,00. Ambos afirmaram que não sabiam que os objetos haviam sido roubados.
Uma das principais testemunhas do caso é a empregada doméstica da casa de Ana Rosa Regadas. Em depoimento na Polícia, Maria de Fátima de Araújo da Silva contou que foi dominada pelo criminoso e trancada no banheiro. Ela teria reconhecido seu ex-colega de trabalho. Quando conseguiu sair do banheiro, se deparou com a patroa morta na cama.
Johnny fugiu do local do crime e só foi preso, dois dias depois, pelo próprio superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos Dantas, com o apoio de uma patrulha do Ronda do Quarteirão. Durante a reconstituição do crime, peritos fizeram várias análises dos passos do assassino dentro da casa e sua posterior fuga.
Na delegacia, Johnny confessou o crime com riqueza de detalhes. Depois, voltou atrás e negou tudo. A Polícia não descarta a hipótese do envolvimento de outras pessoas na trágica morte de Ana Rosa. Dentro da casa, a Polícia chegou a recolher uma camisa que, supostamente, o assassino utilizou para esconder o rosto e, desse modo, não ser reconhecido. Contudo, na hora em que rendeu a empregada, ele teria, involuntariamente, deixado a camisa cair, sendo reconhecido.
Confessou
Outro detalhe chamou a atenção dos investigadores. O latrocida teria invadido o condomínio na noite de quinta-feira e somente na madrugada de sábado praticou o crime, passando, portanto, mais de 24 horas escondido no local sem que a sua presença fosse percebida pelos moradores e empregados. Po conta desses detalhes, a própria Justiça não descarta a hipótese de Johnny ter agido com um cúmplice.
PROTAGONISTA
Engenheira teve morte trágica dentro de casa
Ana Rosa Pinheiro Regadas
Aos 44 anos de idade, Ana Rosa Pinheiro Regadas teve uma morte trágica. Foi assassinada dentro de sua própria residência por um ex-empregado. Formada em Engenharia, ela era a diretora da 6ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) , em Fortaleza, sendo considerada uma servidora de conduta exemplar.