Um estudante de 17 anos foi atingido por um tiro no peito quando saía de casa, na manhã desta segunda-feira, na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Ele foi socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da comunidade. Pai do rapaz, o motorista de van Maurício Henrique Barbosa, de 58 anos, acusa um PM da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de ter feito o disparo.
- Eram 6h15. Trabalho com transporte escolar e meu filho me ajuda. Estávamos no portão de casa quando passou uma moto com dois meninos sem capacete. Comecei a ouvir uns estalos e achei que era o escapamento. Quando olhei para o lado, vi que o fone de ouvido do meu filho estava quebrado. Quando olhei de novo, vi que estava ferido. Ficou com um buraco no peito. Na hora, achei que ele ia morrer - contou Maurício, que registrou o caso na 11ª DP (Rocinha).
Segundo ele, os PMs perseguiam a moto porque ela não havia respeitado uma ordem para parar:
- Os garotos estavam sem capacete. Com certeza ficaram com medo de ter a moto apreendida e correram. Não atiraram. Mas os caras (policiais) atiraram. Quando os vi, me descontrolei e comecei a xingá-los. Eu estava carregando meu filho com sangue escorrendo do peito, em pânico. Como fazem uma coisa dessas? Atirar em um estudante desarmado, que não é bandido?
O garoto foi atendido na UPA, teve alta, mas por volta das 8h30m voltou a sentir dores e foi novamente levado pelo pai para a unidade. Ele foi liberado cerca de meia hora depois. De acordo com Maurício, a bala não ficou alojada. O motorista de van disse, ainda, que não teme represálias por denunciar a ação policial:
- Estou determinado a levar o caso adiante para que não volte a acontecer. O que está me matando de raiva é que não houve tiroteio.