?Me pergunto todos os dias o que aconteceu naquele apartamento. É um mistério para o mundo inteiro e para mim também?, afirmou Anna Carolina Jatobá na última parte do interrogatório. Emocionada, a madrasta de Isabella falava rápido, mostrava nervosismo e tentava segurar o choro. Quando falava de ?Isa? ? nome pelo qual se refere à menina -, porém, não conseguiu contê-lo algumas vezes.
Ela tentou demonstrar ao júri que sempre teve uma relação muito próxima com Isabella. Também citou o bom relacionamento que tinha com a mãe, Ana Carolina de Oliveira, até antes da morte da menina. ?Minha mãe e avó diziam que eu dava mais atenção para Isa do que para meus próprios filhos?, disse.
A primeira pergunta do advogado criminalista Roberto Podval, que defende os Nardonis, foi se ré mataria a menina para se livrar ?da sombra de Ana Carolina de Oliveira?. ?Não (?) sempre cuidei dela com muito carinho?, respondeu.
Ao lembrar do quarto de Isabella, representado por uma maquete, a madrasta chorou, assim como quando lembrava do relacionamento que a vítima tinha com seus dois filhos. ?Foi Isa quem ensinou Pietro a mergulhar. Ela ensinava tudo para ele?. No dia do crime, contou que fez macarrão alho e óleo no jantar ?porque Isa amava.?
Aquele 29 de março também foi reconstituído, a pedido de Podval. ?Alexandre falou no corredor: ?ué, cadê a Isa?? falei para ele ter calma, que ela deveria estar dormindo.?
Em seguida, de acordo com a versão de Jatobá, o casal foi para os quartos. Primeiro para o deles, depois para o de Pietro e, por fim, para o de Isabella. ?Estava tudo bagunçado. Vi o sangue, comecei a gritar. Alexandre viu a tela rasgada, olhou pela janela e viu que Isa estava lá embaixo?. Mais uma vez, ela segurou o choro.
Depois, o casal teria descido. Lá embaixo, o cenário era de ?todo mundo desesperado?. A ré disse que ?gritava muito?. Um policial não teria permitido que o pai se aproximasse da filha, e outros ao redor ?gritavam com ele, mandando não mexer. Eu também falei para não mexer.?
Segundo ela, o marido perguntava ao porteiro sobre a hipótese de um ladrão ter entrado no condomínio. Questionada pela assistente de acusação sobre por que o casal não ligou para o resgate para socorrer a menina, respondeu: ?era de praxe ligar para nossos pais?. De acordo com Jatobá, era sempre aos pais a quem os dois recorriam quando algo acontecia. ?Na hora do desespero, nem pensamos nisso.?
Após cinco perguntas do júri (uma delas indeferida), o juiz encerrou a sessão, às 20h45. Para amanhã está marcado o debate entre acusação e defesa, que deve levar pelo menos 9 horas. Depois, os sete jurados darão seu veredicto. O magistrado, então, finalmente dará a absolvição ou condenação do casal.