A Polícia Civil de Goiás acredita já ter indícios suficientes que comprovam que Johny Freire da Costa, 18 anos, suspeito de ter matado uma estudante de jornalismo em Goiânia, teve a fuga facilitada por um segurança do Hospital de Urgências da cidade (Hugo), onde o jovem estava internado. Em depoimento ao delegado Waldir Soares de Oliveira, do 8º Distrito Policial, a irmã do suspeito, Jéssica Freire da Costa, afirmou que seduziu o vigia para permitir sua entrada no hospital, de forma que pudesse buscar o irmão.
Mesmo não conseguindo andar por causa de uma bala alojada em sua coluna, que pode inclusive deixá-lo paraplégico, Johny conseguiu fugir da enfermaria do hospital no dia 20 de agosto em uma cadeira de rodas, burlando a vigilância de agentes que faziam a ronda e seguranças do hospital. Dois dias depois, o jovem foi recapturado em um barracão no Setor Chácara São Pedro, em Aparecida de Goiânia, na companhia de outras seis pessoas, incluindo dois adolescentes.
No grupo que foi preso também estava Jéssica, mas a técnica em enfermagem foi colocada em liberdade no mesmo dia, por ser ré primária e ter bons antecedentes. Na manhã desta terça-feira, Jéssica prestou depoimento no 8º DP, onde disse ter contado com a ajuda de um adolescente e de um suspeito identificado apenas pelo apelido "Shrek" para furar o bloqueio da polícia.
"Ela foi ouvida hoje de manhã, alegou que foi ao hospital com um adolescente e um outro criminoso, de apelido Shrek, a bordo de um carro roubado. Segundo a irmã do suspeito, ela ludibriou o vigilante com conversas íntimas e conseguiu autorização para entrar no hospital", disse Oliveira, que indicou que Jéssica deve ser indiciada pelo crime de facilitação e ajuda na fuga de presos, cuja pena pode chegar a seis anos de reclusão.
Segundo o delegado, Jéssica relatou ter feito comentários picantes e exibido tatuagens e partes de seu corpo ao vigia. À polícia, o segurança admitiu ter cometido falhas, mas não soube explicar o motivo de ter facilitado a entrada da irmã de Johny no hospital.
Para Oliveira, já há elementos suficientes para determinar como foi a fuga de Johny, restando agora questões referentes à responsabilidade pela fuga. "Já tem uma questão bem avançada, agora a gente quer definir a responsabilidade do hospital também. Ao misturar pacientes com presos, ele cria um facilitador para que ocorram as condutas criminosas. Então a gente quer verificar esse detalhe também", disse o delegado.
Morte de estudante
Johny é suspeito de ser o autor do disparo que matou no dia 15 de agosto a estudante de jornalismo alagoana Mirela Cíntia Oliveira, 28 anos. Segundo investigações preliminares, Mirela foi atingida por uma bala proveniente de um tiroteio entre um PM à paisana e uma quadrilha de assaltantes que haviam roubado um carro em Aparecida de Goiânia, a 15 quilômetros de Goiânia. A estudante dirigia seu automóvel a caminho do aeroporto e passava na outra pista da rodovia no momento da perseguição do PM aos bandidos, quando acabou sendo atingida, acidentalmente, por um tiro na nuca.
Johny, um dos dois suspeitos perseguidos, foi capturado porque também recebeu um tiro e foi deixado pelos comparsas - a investigação, não concluída, aponta que havia mais assaltantes envolvidos - em uma unidade de saúde da cidade.