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Investigação de mais de um ano antecedeu megaoperação que deixou 121 mortos no Rio

Ação nos complexos da Penha e do Alemão foi antecedida por um ano de apurações que identificaram quase cem suspeitos ligados ao Comando Vermelho.

Megaoperação foi a mais letal da história | Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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A megaoperação que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, foi resultado de uma investigação que durou mais de um ano. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o trabalho policial identificou 94 integrantes do Comando Vermelho que estariam escondidos nas comunidades, acusados de envolvimento em crimes como homicídios, tráfico de drogas e roubos de veículos. A operação, realizada na última terça-feira (28), mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e é considerada pela cúpula da segurança como uma ação de alto risco.

Megaoperação deixou 121 mortos no Rio de Janeiro e foi a mais letal da história - Foto: REUTERS/Aline Massuca

Contexto da operação

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o planejamento foi longo e levou em conta o tamanho e a complexidade das áreas de atuação das facções criminosas. “O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano”, destacou o secretário.

As autoridades afirmam que o objetivo da operação foi desarticular grupos armados e capturar criminosos foragidos de outros estados. Segundo o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, 113 pessoas foram presas, sendo 33 vindas de estados como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.

Balanço oficial e declarações

O balanço oficial divulgado na quarta-feira (29) aponta 121 mortos, quatro policiais e 117 suspeitos, além dos presos. O secretário Victor Santos afirmou que apenas quatro civis atingidos no entorno das comunidades foram considerados vítimas inocentes. “As vítimas são os quatro inocentes que foram baleados e os quatro policiais que morreram”, disse. Ele classificou o número de civis feridos como “um dano colateral muito pequeno”.

Pelo menos 113 pessoas foram presas nesta operação - Foto: REUTERS/Aline Massuca

O governador Cláudio Castro também se pronunciou, dizendo que a operação foi um “sucesso”. Em coletiva, afirmou: “Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais.”

Castro acrescentou que os confrontos aconteceram em áreas de mata, o que, segundo ele, indica que as pessoas atingidas eram criminosos. “Não acredito que havia alguém passeando em área de mata em um dia de operação”, afirmou o governador.

Divergências nos números

Enquanto o governo estadual apresentou seus dados, moradores do Complexo da Penha relataram ter encontrado dezenas de corpos após os confrontos. Segundo relatos, pelo menos 74 corpos teriam sido levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais vias da região, durante a madrugada de quarta-feira (29). Já o secretário Felipe Curi informou que 63 corpos foram localizados em áreas de mata.

Moradores levam 54 corpos para praça do Complexo da Penha. Rio — Foto: Gabriel de Paiva 

Durante a operação, o Rio de Janeiro viveu horas de tensão. Ainda na tarde de terça-feira, ações de represália atribuídas ao tráfico foram registradas em diferentes pontos da cidade. Barricadas com veículos e entulho bloquearam trechos da Linha Amarela, da Grajaú-Jacarepaguá e da Rua Dias da Cruz, no Méier.

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