O consórcio construtor da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, acusa índios de atacarem e incendiarem ônibus durante desocupação do acesso a um dos canteiros de obras, nesta sexta-feira (30).
Desde a terça-feira (27), indígenas fechavam o acesso ao sítio Pimental -- uma das três frentes de obras da Hidrelétrica Belo Monte. Segundo o consórcio, antes de liberarem o acesso ao local, nesta sexta-feira, pelo menos cinco ônibus foram depredados pelos indígenas, sendo dois deles incendiados.
A acusação é contra os índios das etnias Arara e Juruna, que bloqueavam o acesso. Os cinco ônibus ficaram completamente destruídos, segundo o consórcio.
O consórcio disse que registrou boletim de ocorrência na Superintendência de Polícia Civil de Altamira e pretende tomar medidas judiciais contra os índios.
O UOL tentou contato com responsáveis da Funai no Pará, neste sábado (31), mas não obteve retorno.
Tensão
Esse não foi o primeiro problema com índios e as obras de Belo Monte. No domingo (25), os índios denunciaram ao MPF (Ministério Público Federal) que foram recebidos a bombas e balas de borracha pela Força Nacional de Segurança, que protegem o local.
Segundo a denúncia, cerca de 20 índios teriam ido ao local "pacificamente e desarmados" tentar conversar com representantes da Norte Energia S.A, responsável pelas obras.
Em comunicado, o MPF disse que os índios foram cobrar o cumprimento das condicionantes acordadas para as obras, e militares da Força Nacional teriam atirado contra os índios.
Quatro pessoas ficaram feridas. A Funai (Fundação Nacional do Índio) encaminhou as vítimas para exame de corpo de delito na segunda-feira (26).
O Ministério da Justiça negou a versão dos índios e disse que a Força Nacional resistiu a uma "tentativa de invasão de pessoas armadas" ao canteiro de obras no sítio Pimental. Segundo o órgão, houve os disparos, mas não foram identificados feridos.
O consórcio construtor informou que o acesso ao sítio Pimental é feito por terra, e a política de segurança "impede que embarcações não autorizadas atraquem na área, devido à grande circulação de veículos pesados, máquinas e guindastes".