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Iate, Lamborghini e helicópteros: compra de artigos de luxo levantou suspeita sobre motéis do PCC

Investigação aponta que motéis movimentaram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024 e contribuíram para o aumento patrimonial dos sócios parceiros do crime organizado

Agentes da Receita Federal | Foto: Divulgação/Receita Federal
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A compra de artigos de luxo milionários, como iate, Lamborghini e helicópteros, ajudou a levantar a suspeita da Receita Federal e do Ministério Público paulista (MP-SP) sobre a movimentação financeira de uma rede de cerca de 60 motéis do PCC no estado de São Paulo.

O esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado usando motéis em nomes de laranjas foi revelado nesta quinta-feira (25) como parte da Operação Spare. Segundo a investigação, o esquema movimentou mais de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.

Essa operação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto – que revelou como o PCC usa fintechs do sistema financeiro da Faria Lima. Segundo a Receita Federal, recursos de origem ilícita eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais.

Entre os bens adquiridos pelos motéis investigados estão:

  • Iate de 23 metros, inicialmente comprado por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada, que também adquiriu um helicóptero;
  • Helicóptero (modelo Augusta A109E) foi comprado em nome de um dos investigados;
  • Carro esportivo Lamborghini Urus adquirido por empresa patrimonial;
  • Terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.

A aquisição desses bens acendeu o sinal de alerta porque, além de estar incompatível com a receita declarada, não fazia sentido para um motel comprar. Segundo a Receita Federal, esses motéis movimentaram mais de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024 em recursos financeiros, valores incompatíveis com o que era declarado às autoridades fiscais.

INVESTIGAÇÃO

A Operação Spare, realizada nesta quinta-feira, mira o PCC nos setores de combustíveis e jogos de azar.

A investigação apontou que a rede de motéis gerou R$ 45 milhões em lucros e dividendos, chegando a distribuir 64% da receita bruta em um dos casos. Restaurantes com CNPJs próprios também integravam o esquema – um deles distribuiu R$ 1,7 milhão após registrar R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.

As operações imobiliárias chamaram atenção: um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021 e outro de R$ 5 milhões em 2023. Além de motéis, o grupo atuava em franquias e na construção civil. A Receita Federal identificou 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, cujo nome não foi divulgado.

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