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Homofobia: polícia apreende um dos suspeitos de agredir adolescente até a morte

Vítima tinha 17 anos e foi espancada após sofrer insultos homofóbicos na zona leste de Manaus

Fernando Vilaça foi espancado após discutir com os agressores, que o insultavam com ofensas homofóbicas. | Foto: Reprodução
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A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) apreendeu, nesta quarta-feira (10), um adolescente de 16 anos suspeito de envolvimento na morte de Fernando Vilaça da Silva, de 17. O crime aconteceu na quarta-feira passada, na zona leste de Manaus, e teve como motivação a homofobia, segundo a investigação policial. Um segundo adolescente, também envolvido no crime, segue foragido.

Fernando foi espancado após discutir com os agressores, que o insultavam com ofensas homofóbicas. Ele havia saído de casa para comprar leite quando foi abordado e, ao rebater os ataques, acabou sendo brutalmente agredido. “A vítima já sofria injúria homofóbica, o que é apontado como a motivação do ato infracional”, disse Guilherme Torres, delegado-geral adjunto da PC-AM.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que Fernando sofreu traumatismo craniano, edema cerebral, hemorragia e outras lesões por ação contundente. Ele chegou a ser levado ao Hospital Platão Araújo e passou por cirurgia, mas não resistiu e teve a morte confirmada no sábado. O enterro ocorreu no domingo.

Repercussão e posicionamentos

O adolescente apreendido responderá por ato infracional análogo a homicídio qualificado por motivo fútil e injúria homofóbica. Ele será encaminhado à Unidade de Internação Provisória (UIP), à disposição da Justiça. Os suspeitos seriam primos e moravam na mesma região que Fernando.

A repercussão do caso gerou manifestações de autoridades e entidades. Em nota oficial, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania prestou solidariedade à família e afirmou que as agressões “atentam contra os fundamentos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da liberdade”. O órgão acompanha o caso por meio da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) também se manifestou:

 “É inaceitável que um jovem saia de casa para comprar leite e, por causa da homofobia alheia, não volte mais”, declarou. E completou em discurso na Câmara: "O 'parem de nos matar' não pode mais ser visto como súplica. Precisa se tornar exigência". 

A seccional da OAB-Amazonas também emitiu nota de pesar e alerta:

“Esta comissão externa sua solidariedade e apoio à família de Fernando e reforça a necessidade urgente de reflexão por parte de toda a sociedade amazonense diante do cruel massacre que a população LGBTQIAPN+ vem enfrentando nos últimos tempos”

Fernando Vilaça da Silva agora se junta às estatísticas alarmantes da violência motivada por preconceito no Brasil. As autoridades seguem em busca do segundo suspeito e o caso segue sob investigação.

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