A Polícia Civil da Bahia procura um pai que sequestrou a filha, de apenas 9 meses, e sumiu com a criança há uma semana. Karlos Henrique Martins de Araújo não aceitava a separação da mulher e mãe do bebê, Safira Avelino. Na última quinta-feira, ele pegou roupas e documentos da filha e, no lugar, deixou uma carta na qual prometia que Safira jamais veria a pequena Yankka novamente.
Safira contou que o casal está separado há três meses. Era a terceira vez que os dois terminavam a relação. Nas outras duas, ela aceitou reatar, diante dos pedidos de desculpa do marido. Mas, em janeiro, saiu de casa, em de Luis Eduardo Magalhães, e foi morar com a mãe. De lá para cá, segundo ela, Karlos Henrique via a filha com frequência, às passava o dia todo com ela.
— Na última quinta-feira, ele veio de manhã aqui em casa avisar que se mudaria para a África. Queria deixar 24 meses de pensão adiantada. Pediu para eu assinar um papel, mas eu recusei, porque ele não estava com o dinheiro. Aí ele falou que ia sair com a Yankka, tirar fotos dela, de despedida, na praça. Eu não vi problema — contou Safira.
De acordo com a mãe, Karlos Henrique pediu que ela arrumasse o bebê e organizasse uma bolsa com roupas da criança para as fotos. Ele ainda levou o aparelho de nebulização, usado no tratamento de problemas respiratórios de Yankka.
— Dois shorts, três calcinhas, tiarinhas. Ele pegou a bolsa, a neném e saiu. Falei para ele não demorar, porque ela só mama no peito e ia chorar. Já eram 15h quando eu liguei e deu caixa postal. Fui procurar os documentos dela no quarto e não achei. Lá, só tinha uma carta dizendo que eu nunca mais iria encontrá-la — relatou Safira, que ainda tentou sensibilizar o ex-marido com mensagens alegando que a bebê passaria fome sem ela.
A mulher disse que conseguiu contato com o ex-marido por meio de uma rede social. Ela contou ter feito um apelo: "Karlos, traz minha filha, por favor". Ainda de acordo com ela, a resposta foi: "Onde eu estou, ela está bem".
O delegado Joaquim Rodrigues de Oliveira, responsável pelas investigações do caso, informou que a ocorrência foi registrada como sequestro.
— O inquérito está instaurado. Mas ainda não temos pistas. É pouco provável que ele tenha saído do estado, porque precisaria da autorização da mãe. A situação é de flagrante, ele pode ser preso em qualquer lugar do Brasil. Ele não aceitava a separação. Como pai, não poderia ter tirado a guarda natural da mãe — explicou o delegado, que não quis detalhar a ação policial para não atrapalhar o curso das investigações.
Relacionamento conturbado
Safira contou que nas três vezes que decidiu se separar do ex-marido foi porque ele não falava para onde ia, não dava carinho, mal conversava e a traía. Mas, quando se separaram, chorava, dizia que ela era o amor da vida dele e que iria mudar de comportamento. Nos dois anos e três meses de convivência conjugal, no entanto, o homem nunca foi violento ou tomou medidas radicais. Ela não pensou que poderia um dia sequestrar a filha.
— Por isso, eu dei toda a confiança. Ele dormia no meu quarto com ela, enquanto eu dormia com a minha mãe, às vezes. Desta vez, ele foi muito frio e calculista. Pediu as contas no serviço de professor de capoeira, um trabalho de 12 anos. Só Deus sabe a dor que eu sinto de ir dormir sem a minha filha, sem saber se ela comeu, se está bem — lamentou a mãe.
Ela contou que recebeu mensagens de Karlos Henrique, depois do sequestro, com xingamentos. Ele a acusava de ter acabado com sua a vida e com o seu trabalho.