Uma menina, de 12 anos, cuja identidade não foi divulgada, surpreendeu magistrados de uma corte no Uruguai, na última quarta-feira, ao expressar o seu desejo de se casar com o próprio pai, de 41 anos, que a engravidou após um caso de abuso sexual. A vítima, que recusou a opção de interromper a gravidez, hoje está com sete meses de gestação. Seu agressor, cujo nome também é mantido em sigilo, está preso.
“Eu quero me casar, ainda que a lei me proíba”, disse a menina, que acrescentou: “Quero ter meu bebê. Já até tenho roupinhas. Não importa que eu seja jovem”.
Segundo a imprensa uruguaia, a menor, que sofre de um leve retardo psicológico, engravidou aos 11 anos. O caso só foi descoberto em abril, quando ela já estava com 14 semanas de gestação. Autoridades concederam à vítima o direito ao aborto, mas ela recusou.
O caso levantou polêmica no país. Na época, em uma entrevista com um psicólogo, a menina afirmou que quis engravidar. A mãe (da vítima) afirmou que concordava com o aborto. Porém, os responsáveis pelo Ministério da Saúde Pública afirmaram que não poderiam obrigar a garota a interromper a gravidez, mesmo com a previsão dos médicos de que continuar a gestação poderia lhe causar problemas de saúde.
“A menor (estuprada e grávida) não está consciente de sua atual situação. Seu único interesse é preservar o relacionamento (com o abusador), que se dá pelo seu baixo nível intelectual e transtornos de conduta e impulsividade”, esclareceu o psicólogo em seu parecer sobre o caso. “A menor se encontra em uma situação de extrema vulnerabilidade emocional e existencial”.
O caso da menina, cuja família é de baixa renda, está sendo acompanhado pelas autoridades uruguaias, que os tem ajudado. Saudável, ela deve ter o bebê dentro do prazo previsto pelos médicos. O pai dela segue preso. Pela lei, ela não pode se casar com ele.