Grupo levou mais de 150 mulheres para se prostituir na Europa

Operação prendeu 15 pessoas em Fortaleza, Itália e Eslovênia.

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Mais de 150 mulheres foram levadas para se prostituir em países da Europa. Na noite de domingo, dia 19, o Fantástico, da Globo, acompanhou uma operação realizada pela Polícia Federal que investiga um grupo criminoso acusado de fazer parte de uma rede internacional de tráfico de seres humanos. Os mandados de prisão foram expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal no Ceará.

Em um condomínio da Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, a Polícia Federal prendeu os eslovenos Vito Camerník e Tíne Mótoh, suspeitos de fazer parte da rede que explorava brasileiras na Itália e na Eslovênia. Três italianos – Marco Paolo Villa, Flávio Frúgis e Pasquale Ferrante – também foram presos. Brasileiros que trabalhavam para a quadrilha também foram presos na Itália e na Eslovênia.

A polícia italiana prendeu três brasileiras acusadas de fazer parte da quadrilha: Carla Sueli Silva Freitas, Dayana Paula Ribeiro da Silva - conhecida como Paloma, e Emanuella Andrade Bernardo. Carla, Dayana e Emanuella ainda não foram extraditadas ao Brasil.

Em um telefonema gravado com autorização da Justiça, Emanuella e Paloma conversam sobre a dúvida, de uma outra brasileira, em relação ao faturamento das prostitutas da quadrilha.  “Não é possível que ela não ganhe 250 euros em dois dias. Não existe isso. Eu ganhei quase mil euros na primeira noite; por que ela não vai ganhar? Ela é bonita como eu”, diz Emanuella na ligação. Duzentos e cinquenta euros equivalem a cerca de R$ 820.

Cada programa custava 200 euros (cerca de R$ 620) e a quadrilha ficava com metade desse dinheiro. Explorando 20 brasileiras, eles podiam ganhar 10 mil euros por dia (cerca de R$ 65 mil).

Para a polícia, esse dinheiro é, na verdade, uma ilusão. “O canto da sereia é que muitas já estavam se prostituindo aqui, então decidiam se prostituir lá porque iam ganhar em euro. Chega lá a realidade é diferente, porque ela tem que cumprir com o que eles determinam, de se submeter a diversas relações sexuais mesmo doente ou cansada. Todos os dias”, explica a delegada da PF Juliana Pacheco.

Esquema milionário

A investigação descobriu ainda remessas de dinheiro movimentado pela quadrilha entre a Eslovênia, a Itália e o Brasil. Em um único dia, por exemplo, a quadrilha recebeu em uma conta bancária em Fortaleza R$ 1 milhão.

O esquema utilizava várias agências de turismo. Uma delas, do italiano Marco Paolo Villa, um dos presos na operação. Segundo a polícia, a agência financiava as passagens das brasileiras que, depois, tinham de reembolsar o valor - se prostituindo.

“Ela às vezes vai consciente de que vai ser explorada sexualmente, mas não de vai ter a liberdade cerceada. Porque quando chega no local de destino os documentos são apreendidos, e ela já chega com uma dívida enorme, de tudo que foi contraído aqui”, explica Alessandra Xavier Nunes, que integra o Ministério da Justiça.

As brasileiras voavam em aviões de empresas aéreas italiana que fazem voos fretados entre Fortaleza e Milão, na Itália. De lá, viajavam 400 quilômetros de trem até Gorítza, cidade italiana que fica na fronteira da Itália com a Eslovênia. Era na cidade eslovena de Nova Gorítza que elas se prostituíam.

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