O pai do adolescente morto por um policial militar em Ribeirão Preto (SP) disse na manhã desta quarta-feira (10) que conhece desde a infância o suspeito de ter atirado em seu filho. O jovem de 15 anos, morreu após ser baleado pelo soldado durante uma suposta tentativa de roubo na noite de segunda-feira (8).
?Fui criado junto com ele, conheço a família dele, pai, mãe, todo mundo. No domingo retrasado, eu estava no posto abastecendo a moto com meu moleque, ele chegou e disse ?Nossa lemão, como seu filho cresceu?. Eu não sei por que ele fez isso. Acho que ele não reconheceu que era meu filho?, disse o motorista Luciano Ângelo de Lima.
Em depoimento à polícia, Lima também afirmou que as testemunhas do crime estão sendo ameaçadas. Segundo ele, um frentista que deveria depor na manhã de quarta-feira, não compareceu à delegacia. ?Nós fomos buscar ele e a vizinha disse que ele foi embora porque está com medo.?
Adolescente de 15 anos foi baleado por um policial militar em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução
Testemunha
Ainda na manhã de quarta-feira, o adolescente que estava com a vítima no momento do crime confirmou à polícia que os dois seguiam até um posto de combustível para encher os pneus das bicicletas. Em depoimento, ele negou que o amigo tenha tentado assaltar o policial, como consta no boletim de ocorrência.
O jovem contou que a vítima teria chutado um cone próximo a uma obra na Avenida Patriarca, quando foi agredida pelo PM que mora há 100 metros do local. ?O cara veio e tentou fechar ele, mas só que não conseguiu porque o Luciano desviou. Aí ele acertou um chute no Luciano e xingou ele. Aí o Luciano virou para trás e xingou o cara e ele atirou?, relembra o adolescente. ?Agora, eu estou com medo. Tenho medo de ele vir atrás de mim."
Polícia
Em nota, a Polícia Militar informou que o soldado suspeito de atirar no adolescente foi afastado e passa por avaliação psicológica. Ainda segundo a PM, não foi aberta sindicância porque o caso está sendo considerado crime comum, cuja investigação é realizada pela Polícia Civil.
O delegado Samuel Zanferdini afirmou que o policial não foi preso porque não houve flagrante. "A arma dele foi apreendida e encaminhada para perícia, bem como a arma que foi encontrada no local que, segundo consta, seria desse adolescente", disse.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Ribeirão Preto (SP) informou que acompanhará a investigação sobre o caso.
O caso
Luciano Ângelo de Lima Filho foi baleado por um policial militar próximo a um posto de combustível na Avenida Patriarca, na Zona Oeste da cidade. Segundo informação da Polícia Civil, apesar de ter utilizado o revólver da PM, o soldado não estava em horário de serviço.
O menor chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para a Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) da Vila Virgínia, mas não resistiu aos ferimentos.