O pagodeiro Evandro Gomes Correia Filho, 40 anos, vai a júri popular nesta quarta-feira, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele é acusado pela morte da ex-mulher Andréa Cristina Bezerra Nóbrega, 31 anos, em 18 de novembro de 2008, e pela tentativa de homicídio de seu filho, L.M.N, que tinha 6 anos à época. Foragido desde então, ele nega o crime e sua presença no julgamento não é confirmada por seus advogados. Andréa morreu após cair da janela do terceiro andar do prédio onde morava, em Guarulhos, enquanto o menino foi internado com uma fratura do maxilar, após cair sobre a marquise da edificação.
De acordo com o advogado Ademar Gomes, responsável por sua defesa, a presença ou não dele no julgamento está condicionada à apresentação de alguns vídeos solicitados no processo. "Caso haja o indeferimento, ele não comparecerá", disse. Gomes se queixou que até as 18h desta terça-feira o Ministério Público não havia devolvido o processo ao cartório do Fórum de Guarulhos. E que devido ao "atraso", ele não sabia se o seu pedido para a apresentação dos vídeos havia sido deferido. "Esses vídeos são muito importantes para a defesa", disse, sem revelar o seu conteúdo.
"Se o pedido da apresentação dos vídeos não for deferido, ele (Evandro) não vai se apresentar. Ele só estará presente se não houver qualquer cerceamento de sua defesa, que deve ter a plenitude total". De acordo com o advogado, o réu se encontra a uma distância de cerca de 100 km da capital paulista e, se for o caso, estará apto a se apresentar", disse.
Juntamente com Ademar Gomes, o advogado Eugênio Malavasi Gomes também estará no plenário para defender o réu. Ele atuou na defesa de Carla Cepollina no julgamento em que ela era acusada pela morte do coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação policial que terminou com 111 mortos no episódio que ficou conhecido como "Massacre do Carandiru", em 1992. Cepollina foi absolvida em júri popular em novembro do ano passado, seis anos após o crime.
A acusação será feita pelo promotor Rodrigo Merli Antunes, que atuou, em março, na condenação de Mizael Bispo dos Santos. Na ocasião foi decidida uma pena de 20 anos de prisão ao réu pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima, em 2010. Antunes acredita que Evandro irá comparecer ao júri. Em sua opinião, sua ausência provocaria uma condenação certa. Para a promotoria, após uma briga entre o casal, Evandro teria ameaçado a vítima com uma faca e ela teria saltado pela janela com o filho.
Entre as testemunhas que serão ouvidas pelo juiz Paulo Eduardo de Almeida Chaves Marsiglia está o filho de Evandro, L.M.N, hoje com 10 anos. Ele será ouvido em sigilo. No momento do depoimento, o plenário será esvaziado.
Na época do crime, ele foi ouvido por delegado, um promotor, uma psicóloga e uma assistente social. O garoto chegou a desenhar um homem com uma faca na mão e uma mulher com uma criança no colo. Relatou ainda uma briga entre o casal.
Em 2010, usando peruca, barba falsa, óculos escuros e bigode, Evandro G negou participação na morte da ex-mulher, durante uma entrevista coletiva no escritório de seu advogado. Naquele ano, o inquérito policial apontou Corrêa como o autor do crime. A Justiça decretou a prisão preventiva dele no final de 2008, mas como ele nunca apresentou à Justiça, é considerado foragido. Ele aproveitou a lei que impede prisões em período eleitoral para dar sua versão do caso em São Paulo. O disfarce foi usado para que ele não fosse reconhecido na cidade onde morava, em um Estado do Nordeste. Na ocasião, o pagodeiro reafirmou que a ex-mulher se jogou com o filho do apartamento depois de uma discussão.