O filho e a neta do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, assassinado no dia 28 de agosto em Brasília, prestaram depoimento de mais de 10 horas na sexta-feira (11), na 1ª Delegacia de Polícia. Todos deixaram o local em silêncio, sem dar entrevistas. Eles depuseram separadamente e acompanhados de um psicólogo.
Duas semanas depois do crime, a polícia ainda não prendeu nenhum suspeito de envolvimento com a morte do ex-ministro, de sua esposa, Maria Villela, e da empregada do casal, Francisca da Silva. Os três foram mortos a facadas no apartamento onde moravam, na Asa Sul, bairro nobre de Brasília.
Além de Augusto (filho do casal) e Carolina Villela (neta), a filha do casal assassinado, Adriana Villela, também foi ouvida pela polícia. Os três chegaram na delegacia de manhã, por volta de 10h40. Adriana, porém, deixou a delegacia às 16h, antes do irmão e da filha, que chego acompanhada pelo namorado. Augusto terminou o depoimento às 20h55 e Carolina deixou a delegacia uma hora depois. A delegada da 1ª DP, Martha Vargas, só foi embora às 3h, depois de se reunir com o delegado circunscricional André do Espírito Santo e a psicóloga que acompanhou os depoimentos.
A polícia não informou o motivo de ter chamado os parentes do casal para serem ouvidos novamente. Todos já haviam prestado depoimento na semana passada. No começo da noite de sexta, o advogado Raul Livino foi à delegacia, na condição de representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que o designou para acompanhar o caso. Para ele, a polícia está no caminho certo. "Deve buscar os elementos de convicção para que se possa elucidar o caso", disse. Ao sair, após cerca de meia hora na 1ª DP, ele disse que não teve acesso aos depoimentos prestados nesta sexta.Também esteve na delegacia diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Cleber Monteiro.
Na semana passada, a delegada Martha Vargas trabalhava com a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte) como a causa do crime. No entanto, a principal linha de investigação passou a ser a suspeita de morte por encomenda, apesar de ter havido roubo no apartamento ? foram levadas joias de Maria. A polícia, porém, suspeita que os objetos tenham sido roubados para confunfir os investigadores.
Na quinta-feira (10), após os investigadores vasculharem as movimentações financeiras mais recentes do casal de adovgados, a polícia constatou que recentemente José Guilherme fez um seguro de vida. Os policiais verificaram também que o ex-ministro teria ganhado um processo antigo, que tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a União. Os honorários renderiam milhões a Villela.
Crime
Foi a neta do casal que avisou a polícia sobre a crime. Os corpos foram encontrados na noite de uma segunda-feira, 31 de agosto, na quadra residencial 113 Sul. No apartamento, que fica no sexto andar, não havia sinais de arrombamento. Desde sexta-feira (28), José Guilherme Villela e a esposa não eram vistos no escritório da família.
Como a neta não conseguiu falar com os avós por telefone, levou um chaveiro para abrir a porta do apartamento. A polícia foi acionada e chegou ao local na noite de segunda-feira (31). A perícia constatou que os três morreram entre as 19h e 19h30 do dia 28, vítimas de mais de 70 facadas no total.
De acordo com o laudo final da necropsia dos corpos do Instituto Médico Legal (IML), foram identificadas 38 facadas em José Guilherme Villela, 12 em Maria e outras 23 em Franscisca.
Carreira
Mineiro da cidade de Manhuaçu, Villela tinha 73 anos. Ele foi morar em Brasília nos anos 60, onde foi procurador do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF). Já na década de 80, exerceu o cargo de ministro do TSE. Como advogado, atuou na defesa do ex-presidente Fernando Collor, no processo que culminou no impeachment em 1992, e, recentemente, no processo do mensalão. Ele atuava com frequencia em processos julgados por tribunais superiores.