Aos 27 anos, Franciene Soares de Souza passava por uma das melhores fases da vida. O trabalho na Polícia Militar, a faculdade de Nutrição, a diabetes tipo 1 controlada com cuidados médicos e hábitos saudáveis, a ótima relação com a mãe e a filha de 6 anos, as saídas ocasionais para sambas e pagodes na Zona Oeste — tudo contribuía para a felicidade de Fran, como era conhecida. Amigos mais próximos acreditam que foi numa dessas noitadas que a morena conheceu o contraventor Haylton Carlos Gomes Escafura, de 37 anos, filho do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha. No último dia 14, Haylton foi executado com mais de 20 tiros. Franciene, que o acompanhava em um quarto do hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, também foi assassinada.
“Ela estava no lugar errado e na hora errada”, repetiram três pessoas ouvidas na apuração da reportagem.
Nem os amigos mais chegados, nem a família de Franciene, porém, sabiam da existência de Haylton. Até o fim de janeiro, a jovem estava noiva de um bombeiro, com quem se relacionou por cerca de dois anos. Desde então, não assumiu nenhum relacionamento sério. O palpite mais comum é que Fran, passista da Beija-Flor de Nilópolis e da Unidos de Padre Miguel, soubesse de quem Haylton era filho, mas não a dimensão do envolvimento dele próprio com a contravenção. O bicheiro, por sua vez, havia deixado a prisão em fevereiro, após obter liberdade condicional. A intensidade da relação entre os dois ou o momento em que ela teve início são uma incógnita.
“A gente conversava muito, inclusive sobre questões afetivas. Estivemos juntas no fim de semana anterior (à morte) e perguntei sobre isso, mas ela disse que não tinha ninguém. Nem a mãe sabia desse rapaz”, afirmou uma amiga de mais de uma década.
A filha da policial só soube da morte da mãe uma semana após o crime, sem maiores detalhes. Abalada, a criança está na casa da avó, com quem as duas já moravam há alguns anos em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.