Ex-namorada diz que Oscar Maroni gravava intimidade de artistas e políticos em SP

Gravações e denúncias de corrupção movimentam os bastidores do mundo do sexo em São Paulo

Ex-namorada acusa Oscar Maroni | Reprodução
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Gravações e denúncias de corrupção movimentam os bastidores do mundo do sexo em São Paulo. Uma ex-namorada de Oscar Maroni, empresário acusado de explorar a prostituição, diz que ele gravava a intimidade de juízes, artistas e policiais dentro de uma das boates mais conhecidas da capital paulista.

Ele foi atrás de Vivian Milczewsky, a ex-namorada. Mas, no prédio onde ela mora, encontrou a polícia. Oscar Maroni, dono de uma das boates mais famosas de São Paulo, voltou para a cadeia na última quarta-feira (15). A modelo catarinense diz ter sido ameaçada pelo empresário.

?Ele tentou invadir o meu prédio e eu fui obrigada a chamar a polícia?, afirma a modelo Vivian. Maroni já tinha sido preso 20 dias atrás, por causa de gravações entregues à justiça pela ex-companheira. É mais um capítulo de uma história de sexo e denúncias de corrupção.

?Aqui, nós temos as mulheres mais lindas do Brasil por metro quadrado. Elas são profissionais?, diz Oscar Maroni. Vivian namorou o empresário por três anos e chegou a trabalhar na casa noturna dele. ?Se era uma casa de prostituição? Lógico que era?, garante Vivian.

Em entrevista ao Fantástico, semana passada, Oscar Maroni apareceu de cabeça e barba raspadas só pela metade. Era um protesto. Ele negou as acusações da ex-namorada. ?O que acontece dentro das suítes não é um problema meu?, justifica o empresário. Questionada se o empresário gravava os clientes fazendo programa na casa noturna Bahamas, ela disse: ?Gravava. Polícia, desembargadores, juízes, artistas?.

Maroni se defendeu das acusações. ?Não gravei e não gravo. Seria inclusive uma burrice comercial. É uma falta de respeito?, diz ele. A modelo conta que o namoro terminou depois que ela posou nua para uma revista. ?Ele ficou indignado?. Maroni diz que estava interessado em outra mulher.?Ficou uma relação muito difícil?, afirma ele.

Telefonemas na prisão

Eles já tinham terminado o romance quando a boate foi fechada, em 2007, e Maroni, preso pela primeira vez sob a acusação de explorar a prostituição. O Ministério Público investiga denúncia de corrupção de agentes públicos - entre eles, um policial, que teria permitido a entrada de um celular na cela do empresário. ?Pagou R$ 400 e o carcereiro liberou?, acusa Vivian.

A mulher diz ter gravado as conversas nessa primeira temporada de Maroni na prisão, há dois anos. Um dos trechos diz:

Maroni: Se passar alguém aqui agora e bater caneca na grade, eu tenho que, na hora, desligar o celular?.

O telefonema durou mais de sete minutos.

Maroni: Espera um pouco. Tem um delegado. Eu te ligo daqui a dois minutos. Beijo.

Questionado se tinha falado com Vivian, por telefone, de dentro da cela, o empresário negou. ?Não. Pelo que eu sei, não. Eu preciso ver melhor essas informações porque está muito confuso isso?, disse ele, alegando que não se lembrava de ter feito ligações.

Em nota, a Corregedoria da Polícia Civil informou que está investigando a denúncia de corrupção.A boate está fechada até hoje. Mas, para o Ministério Público, Oscar Maroni continuou explorando a prostituição, só que usando hotéis de luxo de São Paulo. A suspeita é baseada em outra gravação feita pela ex-namorada.

A conversa é com uma moça que se identifica como "Cris". Ela diz que está interessada em fazer programas.

Maroni: Você não tem umas fotos suas? Aí, eu apresento a sua foto lá pra eles. É aqui em São Paulo. Grandes hotéis, tem as festas, entendeu? Eu não tenho participação nenhuma com isso, só que eu fiquei conhecendo umas pessoas. É um grupo muito fechado, porque são altos executivos, são altos políticos, entendeu?

Cris: O cachê é bom, né?

Maroni: Dois, três ?paus? (R$ 2 mil ou R$ 3 mil), limpinho.

Vivian, que estava ao lado da mulher, pega o telefone e ameaça:

Vivian: Vou te entregar agora mesmo, palhaço!

Ameaças

Novamente, Maroni negou tudo. ?Nunca, em hipótese nenhuma, não faria isso. Isto é ilegal?, contou ele, negando apresentar mulheres para supostos programas. As gravações reforçaram a denúncia de que o empresário explora a prostituição. E ele foi pra cadeia pela segunda vez. Saiu no dia 7 deste mês, levando uma flor.

No dia 15, a terceira prisão. Maroni foi flagrado por policiais disfarçados quando chegava ao apartamento da ex-namorada. Ela já tinha se queixado de que estava sendo ameaçada em mensagens de celular.

?Ele continua me perseguindo, eu achei que depois dessa última prisão ele não fosse mais me perseguir, e infelizmente, me enganei?, conta Vivian. O advogado do empresário tem outra versão. ?Ela ligou pra ele, convidando-o para tomar um café da manhã na casa dela?, diz José Thales Solon de Melo.

Maroni também é acusado de formação de quadrilha. A sentença deve sair no mês que vem. Até lá, as gravações entregues por Vivian serão analisadas por peritos. Se condenado, o dono da boate pode ficar na cadeia por até 21 anos.

?O que era o Bahamas? Um hotel, frequentado por homens, mulheres e casais. Isso é público, notório?, explica Maroni. O promotor do caso, José Carlos Blat, afirma que no local havia programas. ?Lá efetivamente funcionava uma casa de prostituição, onde as meninas eram obrigadas a permanecer de 6 a 8 horas trabalhando, para que elas pudessem realizar os programas?.

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