O ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros em Praia Grande, no litoral paulista, na última segunda-feira (15). No momento do ataque, ele não estava com o carro blindado que costumava usar.
Segundo informações, Fontes dirigia o veículo da esposa. O seu próprio automóvel estava na oficina, passando pelo processo de blindagem.
O homem que enfrentou o PCC
Fontes foi peça-chave no início das investigações contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Chegou a prender lideranças e mapear a estrutura da facção criminosa. Ainda assim, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que ele não havia solicitado escolta — direito concedido a ex-delegados-gerais que pedem proteção.
A Prefeitura de Praia Grande também afirmou que, no período em que esteve à frente da Secretaria de Administração do município, Fontes nunca relatou temores sobre sua segurança ou mencionou riscos ligados ao passado como delegado.
O prefeito Alberto Mourão (MDB) declarou, em entrevista na terça-feira (16), que o secretário andava armado e possuía um carro blindado em São Paulo. Mas a investigação confirmou: o outro veículo dele estava desmontado na oficina, aguardando a blindagem.
O que é, afinal, a blindagem?
Blindar um carro não é só trocar os vidros. O processo é minucioso: o veículo é desmontado por completo. Profissionais reforçam colunas, portas e painéis. Só depois instalam vidros especiais, capazes de resistir a disparos.
Todo o procedimento precisa da autorização do Exército Brasileiro. Só a desmontagem e reforço podem levar entre 31 e 60 dias. Ao final, o proprietário deve alterar o registro do veículo junto ao Detran para circular legalmente.
Em 2024, no Guarujá (SP), a blindagem salvou a vida de uma idosa de 79 anos durante uma tentativa de assalto. O caso foi usado pelo Exército para reforçar que todos os veículos blindados no país são monitorados pelo Sistema de Controle de Veículos Blindados (Sicovab).