A adolescente de 15 anos que teve o filho, um bebê de um mês, sequestrado por uma mulher em Cuiabá, afirmou ao siteque viveu o pior momento da vida quando ficou longe do filho. ?Eu não comi, não dormi. Eu só queria saber do meu filho?, disse a menor, mais aliviada, com o filho nos braços.
Um dia depois de ter sido identificada e presa pela suspeita de ter sequestrado a criança, Jucione Santos Souza, de 29 anos, confessou à polícia que tinha a intenção de sequestrar o bebê para ganhar uma quantia considerável de dinheiro.
Segundo a polícia, o bebê seria morto e teria os órgãos doados para uma família do exterior. Um suspeito de ter arquitetado o esquema internacional de tráfico de órgãos humanos segue procurado pela polícia. ?Eu não perdoo ela. Quero que ela [suspeita] fique presa e por muito tempo na cadeia. Eu não faria isto com ninguém?, destacou a adolescente.
A adolescente revelou que após o susto, vai tomar mais cuidado com o filho. ?Eu nunca mais vou deixá-lo nos braços de ninguém. Ele não vai sair de perto de mim?, disse. Ela vai responder na Justiça um ato infracional por ter se descuidado do filho. A menor ainda será monitorada pelo Conselho Tutelar e receberá apoio psicológico.
O bebê foi sequestrado nesta quinta-feira (30). Jucione conheceu a adolescente em um ponto de ônibus localizado na região central de Cuiabá. O local possui grande fluxo de veículos e de pessoas. A suspeita permaneceu vários dias no ponto de ônibus e, em depoimento à polícia, revelou que teve 15 tentativas de sequestro frustradas antes de conseguir levar o bebê da adolescente.
A adolescente alegou que no ponto de ônibus a suspeita se aproximou dela e começou a conversar. De acordo com as investigações da polícia, dentro do ônibus coletivo, Jucione simulou que precisava de um bebê para apresentá-lo a um suposto namorado que não mais residia no Brasil apenas para continuar a ser beneficiada com o pagamento de uma pensão de R$ 30 mil. A adolescente ainda contou à Polícia Civil que a suspeita ofereceu R$ 5 mil para que ela emprestasse a criança à ela. Porém, segundo a polícia, a suposta negociação não teria sido concluída.
A mãe do bebê sequestrado disse ainda que desceu do ônibus acompanhada da suspeita. Chovia no local e a suspeita pediu à menina que ela fosse comprar um guarda-chuva em um mercado para o filho ser protegido do temporal. Jucione teria pego a criança dos braços da adolescente dando-lhe a quantia de R$ 100 para a compra. Ao voltar, a adolescente disse que não encontrou mais a mulher e o filho.
Imagens divulgadas pela polícia localizaram a suspeita no bairro Pedra 90. Uma ex-vizinha dela reconheceu Jucione e acionou a polícia. ?Eu a conhecia há seis meses. Ela ficava na minha casa e até lavava as roupas da minha filha. Eu suspeitava uma intenção dela em querer ficar com a minha filha. Eu tive a certeza quando ela pegou o documento da minha menina?, declarou a dona de casa, Ariadne Priscila dos Santos.
Antes de concretizar o sequestro, segundo a polícia, a suspeita falsificou uma certidão de nascimento, para conseguir deixar Mato Grosso com o bebê. Na casa da ex-vizinha dela, a suspeita furtou um documento emitido por uma maternidade da capital e confeccionou a certidão.
Em depoimento ao delegado plantonista da Central de Flagrantes da capital, Ivair Polesso, a suspeita afirmou que tinha a intenção de viajar para a Bahia, onde estão três filhos e a mãe dela. De lá, a polícia acredita que a criança seguiria para o exterior.
Na residência da suspeita, a polícia localizou roupas infantis, fraldas e a certidão de nascimento falsa. Ao site, o marido da suspeita, Lenildo Silva, de 21 anos, disse apenas que ela apresentou o menino à família dele como uma "filha". Ele destacou ainda que a mulher não levantou nenhuma suspeita antes de concretizar o crime. ?Ela chegou até mim como uma pessoa que queria construir uma família. Ela era simples, normal e humilde?, declarou.
A suspeita foi presa em flagrante e foi encaminhada para o presídio feminino Ana Maria do Couto May, na capital. Na Justiça, ela deverá responder pelos crimes de sequestro, cárcere privado, falsificação de documentos e pela intenção de obter lucro com o envio da criança para o exterior. A soma dos crimes passa de 11 anos de reclusão. Ao site, a suspeita alegou apenas estar "arrependida".
O suspeito de ter arquitetado o crime, segundo a polícia, já foi identificado e visto pela última vez em uma caminhonete branca com placa de São Paulo. A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), por meio da Divisão Anti-Sequestro, também investiga o caso.