Um estudante turco atirou na quinta-feira um sapato contra o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que falava a universitários em Istambul antes da reunião anual do órgão.
Centenas de militantes de esquerda e sindicalistas fizeram uma passeata pacífica no centro da maior cidade turca, onde a segurança foi reforçada para as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, que começam no sábado, com uma reunião de ministros de finanças do G7 (grupo dos países industrializados mais ricos do mundo).
A polícia deteve alguns manifestantes,. Seguranças retiraram Selcuk Ozbek, 24 anos, que também é jornalista do pequeno jornal esquerdista Birgun, depois de ele atirar um tênis branco e correr para o palco. O sapato caiu aos pés de Strauss-Kahn. "Fora da universidade, FMI ladrão", gritou Ozbek durante o discurso de Strauss-Kahn na universidade Bilgi. "Como somos um jornal de esquerda, congratulamos (Ozbek) por seu protesto", disse o editor do Birgun, Baris Ince.
Uma aluna que tentou abrir um cartaz também foi retirada. Strauss-Kahn minimizou o incidente. "É importante que tenhamos um debate aberto. Fiquei feliz por encontrar estudantes e ouvir suas opiniões. É isso que o FMI precisa fazer, mesmo que nem todos concordem conosco. Uma coisa que eu aprendi é que os estudantes turcos são educados. Eles esperaram até o final para se queixar", disse ele em nota.
O incidente parece ter sido inspirado no protesto de dezembro de um jornalista de Bagdá que atirou dois sapatos na direção do então presidente norte-americano, George W. Bush. "Atirar um sapato passa dos limites. Isso é triste para nós. A Turquia está recebendo uma reunião importante, e temos de passar bem por isso", disse o ministro turco do Interior, Besir Atalay. Há forte oposição entre os estudantes turcos ao FMI, que ajudou a resgatar o país de uma crise financeira em 2001.
O governo turco e o Fundo estão negociando um possível novo empréstimo depois de o anterior expirar, no ano passado. "(Strauss-Kahn) é um representante do capitalismo global. Tentei expressar minhas opiniões protestando contra ele num momento em que os serviços de educação e saúde foram privatizados", disse à Reuters o estudante Emre Avci, membro do Partido Comunista Turco, que participou das manifestações.