Estratégia da Polícia na Consolação foi correta, dizem especialistas em SP

Ex-coronel e então major da PM em outros anos foram ouvidos

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Especialistas em segurança pública afirmam que a Polícia Militar de São Paulo agiu corretamente e cumpriu o seu dever ao reprimir a passagem dos manifestantes Rua da Consolação, no Centro de São Paulo. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, diz que não houve erro estratégico.

O grupo, que protestava contra o aumento das tarifas, queria subir a rua e seguir em direção à Avenida Paulista na noite de quinta-feira (13).

Os especialistas, no entanto, reconheceram que alguns policiais militares cometeram desvio de conduta durante o confronto. A Corregedoria da PM apura se parte dos seus comandados abusou do poder de polícia ao conter o manifesto. Relatos de truculência e agressão contra pessoas circulam na internet juntamente com fotos de feridos por balas de borracha atirados pela Tropa de Choque.

Para José Vicente da Silva Filho, que foi coronel da Polícia Militar de São Paulo e secretário Nacional de Segurança e atualmente é professor da Academia da PM de SP, o confronto era inevitável. Para ele, mesmo se o ponto da abordagem fosse diferente, os resultados seriam parecidos.

?Não vejo como o conflito poderia ser evitado. A PM não tinha outra saída a não ser impedir o avanço dos manifestantes na Consolação, que é uma importante via do Centro. Os manifestantes haviam descumprido um acordo para não subirem por ela. Por esse motivo, foi preciso dispersar o grupo e a força empregada foi compatível com o problema?, disse Silva Filho.

O mesmo entendimento é do ex-major da PM paulista, Diogenes Viegas Talli Lucca. ?A PM usou o recurso adequado para aquela ocasião. A única falha da polícia foi a de não ter entrado com força máxima na terça-feira [durante o terceiro protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL)] na capital]. Se tivesse usado a Tropa de Choque na terça, a manifestação teria diminuído na quinta?.

A análise dos especialistas sobre a legitimidade da ação da PM vai de encontro ao próprio discurso do governo paulista, da Secretaria da Segurança Pública do Estado e do comando da PM. Apesar disso, Silva Filho e Lucca disseram ter percebido desvios de condutas de alguns policiais que precisam ser apuradas.

?É uma questão de riscos. Não tenho a menor dúvida que manifestações estão propensas ao conflito quando rapaz de 19 anos vai para uma reunião de conciliação com a Prefeitura no Ministério Público e não tinha a menor noção do que fazia ali. Ele não tem controle sobre o movimento que começa no Facebook?, disse Silva Filho.

?Sem lideranças é difícil manter um diálogo. Isso coloca policiais que não estão acostumados ao estresse, como a Tropa de Choque, a lidar com manifestantes propensos ao confronto. Diante disso, há o risco de atos isolados de abuso?.

?Tenho que admitir que teve ações isoladas de policiais que foram de desvio de conduta?, disse Lucca, que sugere a PM reforçar o policiamento durante o protesto marcado pelo MPL na próxima segunda-feira (17) na capital. ?Espero que a PM tenha aprendido a lição e entre com força máxima nesse dia, colocando policiais à paisana para identificar vândalos e já fazer as prisões. A manifestação é legítima, desde que não afete a vida das outras pessoas.?

Secretário nega erro estratégico

Nesta manhã, o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, foi questionado se houve erro na ação dos comandantes da Polícia Militar na intervenção dos policiais durante o protesto. ?A operação era necessária, era complexa, era de riscos, aconteceram esses fatos, mas não temos nenhum fato neste momento que aponte erro estratégico a recomendar qualquer medida em relação aos comandantes da operação?, afirmou.

?No início, a Polícia Militar fez uma série de abordagens e apreendeu uma série de objetos próprios para serem empregados em agressão. Nós temos fotos desses objetos, estão apreendidos, o que mostra que havia pessoas participando do movimento que não estavam ali simplesmente para manifestar o seu pensamento?, afirmou.

"Embora legítimo, o movimento, a manifestação, pessoas também se valeram disso para tumultuar, para gerar momentos de conflito, de violência?, disse o secretário.

Em relação a prisão dos manifestantes que portavam vinagre, Grella respondeu que o porte da substância não é proibido. ?Não é proibido, não me consta que ninguém tenha sido formalmente preso pelo ato?. Ele ressaltou que quando a PM faz esse tipo de abordagem não se sabe o tipo de produto exato e que os detidos foram liberados na delegacia após prestar esclarecimentos.

Segundo o major Marcel Lacerda Sofner, porta-voz da PM, os policiais da Tropa de Choque só atiraram em direção aos manifestantes com intuito de dissipá-los porque foram atacados por eles.

Indagado se atirar contra os manifestantes naquele local, um dos prontos mais movimentos da capital paulista, não colocou a população em risco, o oficial disse que o uso da força observou a determinação para que os tiros fossem disparados apenas para dispersão. Segundo ele, a PM seguiu um protocolo de atuação que levou em conta cinco itens, inclusive a segurança dos policiais.

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