Enterrado como indigente, jovem teria sido morto por policiais há oito anos

- Em depoimento, Marilene conta que seu filho entrou numa viatura do 12º BPM antes de desaparecer

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Edson Filipe Furtado tinha 16 anos quando saiu de sua casa, em Guaxindiba, São Gonçalo, para comprar picolé e nunca mais voltou. Desde o desaparecimento do menino, passaram-se oito anos. Na última segunda-feira, sua mãe, a doméstica Marilene Costa descobriu que, na verdade, Edson foi assassinado. O crime teria sido cometido por PMs do 12º BPM (Niterói). A conclusão é de policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), que reabriram as investigações sobre o caso, arquivado à época pela 74ª DP (Alcântara).

O titular da especializada, Wellington Vieira, conseguiu, por meio de um banco de dados criado na delegacia, cruzar informações da mãe com fotos veiculadas na imprensa de um crime ocorrido no mesmo dia e local.

- Em depoimento, Marilene conta que seu filho entrou numa viatura do 12º BPM antes de desaparecer. Na última segunda-feira, ela reconheceu o cadáver de uma das imagens como seu filho - explica Vieira.

Em 29 de dezembro de 2005, diz a polícia, Edson foi abordado por uma viatura do 12º BPM, quando estava numa moto emprestada e foi levado para dentro de uma viatura. Trinta minutos depois, teve o corpo desovado no Largo da Ideia, em São Gonçalo.

DH investiga PMs de Niterói pelo crime

Após a identificação e o reconhecimento de Edson, o próximo passo da investigação é identificar quem eram os PMs que estavam na viatura que o abordou. Segundo agentes da DHNSG, os policiais perseguiam, desde Niterói, um homem numa moto. Após perderem a moto de vista, o ocupante largou o veículo com Edson, de quem era amigo. Antes de encontrarem o menino, os PMs haviam abordado dois motoqueiros, liberados em seguida.

A partir do rastreamento da moto, o homem que comprou o veículo após o crime foi encontrado. Ele revelou, em depoimento, que policiais lhe venderam o veículo. O local da venda faz parte da área coberta pelo 12º BPM.

Outro indício da participação de policiais do batalhão de Niterói no crime é a existência de um registro de abastecimento de uma Blazer do 12º BPM no 7º BPM (São Gonçalo) - que cobre a área onde o corpo foi abandonado - às 22h, pouco depois do crime. Agora, a especializada quer saber da PM quem eram os policiais que estavam nela.

?Achava que ele ainda podia estar vivo?

Depoimento de Marilene Costa, domética, mãe de Edson Filipe

?Quando me chamaram na delegacia na segunda-feira, pensei que meu filho estivesse me esperando. Tinha esperança de que ele ainda pudesse estar vivo. Eu o vi no chão, morto (numa foto). A sensação é horrorosa. Ele era um bom menino, não tinha passagem pela polícia. Saiu de casa para comprar picolé para ele e para mim. Demorou para voltar. No dia, até estranhei, porque ele nunca tinha dormido fora de casa. Saí para procurar e me contaram que ele tinha sido levado por PMs. Desde então, nunca desisti de saber o que aconteceu com meu filho. Agora, quero justiça.?

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