As empresas do traficante Fernandinho Beira-Mar, apontado como líder da facção criminosa Comando Vermelho, preso em um presídio de segurança máxima, movimentaram R$ 62 milhões no ano passado. A informação foi divulgada pela chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha. Cerca de cinco empresas, sendo duas fictícias, foram identificadas na Operação Scriptus, deflagrada nesta quinta-feira na capital fluminense e nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Até o início da tarde de hoje, oito homens foram presos. Outros oito já estavam presos acusados de outros crimes. Cerca de 200 agentes participaram da ação, cujo objetivo foi prender 20 pessoas envolvidas no processo de lavagem de dinheiro do tráfico da facção criminosa que dominava o Complexo do Alemão. Outros 24 mandados de busca e apreensão ainda estão sendo cumpridos.
As investigações foram desencadeadas a partir da análise de 14 retalhos de papel pautado, com manuscritos de Fernandinho Beira-Mar, apreendidos durante a ocupação do Complexo do Alemão. Os agentes puderam descobrir o esquema responsável pela obtenção de grande parte das armas e drogas para a comunidade, além de como era realizada a lavagem de dinheiro.
Segundo as investigações, cerca de 10 t de maconha, das 40 apreendidas durante a operação de ocupação, chegaram ao Complexo do Alemão através do esquema montado pelo traficante.
De acordo com o coordenador do NUCC-LD, delegado Flávio Porto, a análise do material identificou também a existência de uma espécie de "terceiro setor", integrado por pessoas físicas e jurídicas, sediadas em Foz do Iguaçu, Mato Grosso do Sul e Belo Horizonte, que tinham como função dar uma aparência de legalidade ao dinheiro obtido com o tráfico de drogas. O capital era depositado em suas contas por pessoas que se associaram ao grupo criminoso, exercendo o papel de "agentes depositantes", geralmente moradores da localidade que levavam o dinheiro às agências bancárias quantias expressivas.
Ao perceber essa movimentação, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), em parceria com a Polícia Civil, possibilitou o bloqueio e sequestro dos saldos das contas bancárias envolvidas no esquema, por onde circulavam mais de R$ 20 milhões. A partir daí, será possível atingir o patrimônio dos bandidos, construído com dinheiro ilícito.
As pessoas envolvidas no esquema responderão por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.